A Câmara de Curitiba não descontou um real do vencimento dos vereadores da cidade, embora tenham sido registradas 433 ausências em plenário ao longo do ano. Todas as justificativas para o não comparecimento apresentadas foram aceitas, sem exceção, o que garantiu o recebimento integral dos salários.
Em tese, o vereador precisa responder a duas chamadas durante as sessões, que ocorrem de segunda a quarta-feira, para que se considere que ele esteve presente. No entanto, é comum que o vereador não vá ou que perca uma das chamadas. Pela regra, isso deveria causar um desconto de 1/30 do salário a cada ocorrência.
O problema é que existe uma saída para isso. Se o vereador alegar que estava fora para “exercer funções relativas ao mandato”, a falta pode ser abonada. E essa virou a regra≥ Já foram abonadas faltas de gente que alegou problemas no trânsito, por exemplo; e qualquer compromisso vira atividade relacionada ao mandato.
Cada vereador recebeu em 2022 R$ 15,5 mil por mês. O desconto por falta seria modesto: cerca de R$ 500. Mas seria um modo de pelo menos evitar que a regra seja descumprida sem que ninguém pague por isso. No total, a Câmara pagou aproximadamente R$ 217 mil só em faltas abonadas neste ano.