Bancada paranaense emplaca dois golaços em 2021

Luciano Ducci e Rubens Bueno aprovaram dois dos projetos mais importantes do ano

Dizia o Barão de Itararé que de onde menos se espera, daí é que não sai nada mesmo. Em geral, a regra funciona. Mas, rapaz, não é que a bancada paranaense em Brasília, justamente numa legislatura que faz sair lágrimas de qualquer um que acredite na democracia e na espécie humana, marcou dois golaços neste ano? Talvez dois dos melhores momentos da Câmara dos Deputados em 2021, na verdade – embora, convenhamos, esse não seja lá um bom critério.

Primeiro foi o ex-prefeito Luciano Ducci, que emplacou, contrariando todo o lobby dos maníacos do conservadorismo radical, um projeto para permitir o plantio de cannabis para fins medicinais. Em todo o mundo civilizado já se discute a liberação para fins recreativos, mas vá lá: pelo menos com esse projeto as crianças com convulsões, o velhinhos com Alzheimer e pessoas com uma gama imensa de doenças ganham uma nova opção de tratamento.

Hoje para conseguir remédios à base de canabidiol ou THC você tem que conseguir aval da Anvisa, importar e pagar uma fortuna. É mais fácil conseguir um autógrafo do Dalto Trevisan, e mais barato importar uísque escocês. Gente sem noção da realidade, como os editorialistas da Gazeta do Povo e o deputado Diego Garcia, do Podemos, fizeram de tudo para evitar que as criancinhas tivessem remédio eficaz e barato.

As manobras para impedir a aprovação da cannabis (o certo seria chamar de maconha, mas Deus me livre, aí não passava mesmo) incluíram até a substituição tresloucada de parlamentares na comissão especial de última hora. Ducci foi corajoso e deu o voto de minerva na comissão, sabe-se lá a que preço para sua carreira. Agora, o caso deve ir a plenário e depois ao Senado. E depois ainda será preciso conseguir a assinatura dele, Jair Bolsonaro. Ou, quem sabe, de seu sucessor.

O segundo golaço foi de Rubens Bueno (Cidadania), que conseguiu finalmente, depois de muitos anos, aprovar o projeto que barra supersalários no poder público federal. Hoje, ninguém deveria receber mais do que os R$ 39 mil de um ministro do Supremo. Mas, especialmente no Judiciário, dá-se jeitinho para tudo, e é comum ver juízes, procuradores (assim como promotores e procuradores do MP) recebendo, R$ 50 mil, R$ 100 mil e até R$ 200 mil num mês.

Entra na conta todo tipo de penduricalho. Evidentemente trata-se de meios imorais (embora legais) de burlar a regra do teto. Cria-se um auxílio aqui, um bônus ali, vendem-se umas férias acolá e- veja só – de repente o sujeito com um saco de dinheiro nas costas, parecendo que achou ouro numa nova Serra Pelada.

O projeto de Rubens Bueno é um alívio para os cofres públicos, mas principalmente uma prova de que ainda é possível derrubar lobbies como o da poderosa magistratura em nome da equidade e da decência nesta velha República.

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