Ao cassar negro, vereadores de direita se defendem de acusação de racismo

Câmara de Curitiba está cassando um dos três únicos negros eleitos em 2019

Uma das tônicas da sessão especial da Câmara de Curitiba nesta quinta (4), que colocou de novo em votação a perda de mandato de Renato Freitas (PT), foi o discurso de vereadores negando que a cassação de um dos poucos negros do Legislativo tenha a ver com racismo. Renato é um dos três integrantes negros da Câmara, que tem um total de 38 vereadores.

Eder Borges (PP), provavelmente o vereador mais à direita da Câmara, afirmou que inclusive “gosta” do estilo de Renato Freitas, e que é a favor de uma Câmara plural para que haja debate de ideias. Jurando não estar votando orientado por preconceitos, afirmou que o petista cometeu um ato intolerável ao entrar na Igreja do Rosário durante uma manifestação antirracista. Segundo ele, o voto pela cassação tinha a ver com a “cristofobia” de Renato. Eder foi mais longe e disse que irá fazer representações contra qualquer vereador que “acuse Curitiba de racismo”.

Já Denian Couto (Podemos) disse que o que estava em julgamento não era “a cor da pele” do vereador. Segundo ele, o PT, ao não conseguir ocultar aquilo que ele classificou como flagrante quebra de decoro de Renato, tenta criar uma “narrativa” de preconceito racial por trás da cassação. “Não mordo essa isca e não me intimido”, disse ele, um dos 35 brancos da Câmara.

O preconceito também fez parte do discurso de Carol Dartora (PT), primeira vereadora negra eleita na história de Curitiba. Segundo ela, é evidente o racismo estrutural que existe na cidade, impedindo a eleição de mais negros e dificultando a atuação dos poucos vereadores negros eleitos. A vereadora também disse que não aceita a tese de que quem identifica racismo em Curitiba esteja sendo “contra” a cidade. “Sou nascida e criada aqui, nasci no Santa Quitéria, falo leite quente”, disse ela, afirmando que o fato de ser negra “retinta” não faz dela menos curitibana.

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