Pesquisa aponta diferencial energético na retina de pessoas com TDAH e autismo: a relação desse achado com a Psicologia Corporal

Para as psicoterapias de derivação reichiana os olhos e demais telerreceptores, bem como a pele, estão ligados à dificuldade de contato, de atenção, de interpretação da realidade e a outras características

Para as psicologias de derivação reichiana, o bloqueio do nível ocular – o primeiro segmento de couraça da Psicologia Corporal – está ligado ao medo, à dificuldade de contato, à baixa capacidade de atenção e à interpretação da realidade, entre outras características.

Chama a atenção, por isso, a pesquisa da Universidade da Austrália Meridional e da Universidade Flinder, também australiana, que aponta diferenciais energéticos na retina de pessoas com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

A pesquisa, que foi divulgada no dia 6 de junho de 2022 na Frontiers of Neuroscience, e foi realizada com 55 adolescentes com autismo, 15 com TDAH e 156 sem diagnóstico algum. Os testes foram feitos através de eletrorretinograma (ERG), exame que mede a atividade elétrica da retina em resposta a um estímulo de luz. Foi observado que os adolescentes com TDAH demonstravam ter mais energia na retina e os com autismo menos.

Embora em sua conclusão os cientistas tenham afirmado que os resultados precisem de aprofundamento e que não sejam determinantes – como deve ser na ciência, aliás –, é notável que as psicologias corporais, desde Reich, já observavam a ligação do primeiro segmento de couraça – o ocular – e seus bloqueios mais severos com o TDAH, com o autismo e outros comprometimentos neurológicos e psicológicos.

Obviamente, todos nós, apresentamos algum nível de bloqueio em todos os sete segmentos de couraça observados por Reich e a combinação desses bloqueios nos dá a nossa caracterialidade individual, a forma mais ou menos neurótica como nos manifestamos no mundo. Porém, sempre foi óbvio para a Psicologia Corporal que o bloqueio ocular da pessoa com autismo ou com TDAH é maior, se manifestando pela menor energia, no primeiro caso, e pelo excesso, no segundo.

O segmento ocular abrange também, além dos olhos, os outros telerreceptores (nariz, ouvido, pele). O bloqueio deste segmento se dá a partir de estresses que vão desde a concepção até os 10 primeiros dias de vida, a chamada Fase de Sustentação (Volpi e Volpi, 2006). Tal bloqueio se caracteriza pelo medo, prejudica a interpretação da realidade e é, segundo o neuropsiquiatra Federico Navarro, formador da caracterialidade núcleo-psicótica (não se assuste com o nome, é só uma designação técnica), marcada por baixa energia (indivíduo hipoorgonótico) e pela dificuldade de contato tanto físico como social.

Assim, podemos considerar a Vegetoterapia Caracteroanalítica como uma forma de psicoterapia potencialmente viável ao desenvolvimento e flexibilização tanto da caracterialidade da pessoa com TDAH quanto da pessoa com autismo. Isto quer dizer que, embora o próprio Navarro e tantos outros nos digam que o autismo é uma condição estável e incurável (NAVARRO, 1996, p.41) e que mesmo o TDAH seja outra condição à qual o indivíduo terá que se adaptar, ainda que possa apresentar muita melhora, psicoterapias corporais podem sim vir a ajudar em alguns casos desses transtornos.

Para ir mais longe

CONSTABLE PA, MARMOLEJO-RAMOS F, GAUTHIER M, LEE IO, SKUSE DH, THOMPSON DA. Discrete Wavelet Transform Analysis of the Electroretinogram in Autism Spectrum Disorder and Attention Deficit Hyperactivity Disorder. Front Neurosci. 2022

NAVARRO, F. Somatopsicologia. São Paulo: Summus, 1996.

VOLPI, J.H.; VOLPI, S.M. Etapas do Desenvolvimento Emocional. Curitiba: Centro Reichiano, 2006.

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