Temos dinheiro para isso tudo?

É preciso ser honesto. O ato de colecionar nunca foi, propriamente, “democrático”, por assim dizer. Ele sempre foi um hobbie focando em uma classe média alta que pode tirar parte da sua renda mensal para comprar o que gosta de forma repetida, mesmo sem uma grande necessidade física. Colecionar quadrinhos está no meio disso. Não é fácil e nunca foi barato, prático ou tranquilo de se conseguir números antigos, ou até mesmo manter uma compra recorrente mensalmente – ou, em alguns casos, quinzenalmente.

Contudo, é preciso dizer que as coisas pioraram nos últimos tempos. A inflação atingiu em cheio o bolso do consumidor e isso, por óbvio, reverberou no preço do papel. Não quero discutir o assunto, ele já foi debatido a exaustão por pessoas que entedem bem mais do tema. Vou me ater aqui aos fatos: as coisas encareceram. Por isso, a coleção de HQs é agora cada vez mais complicada.

Percebi isso nos últimos tempos, ao tentar começar a colecionar algumas séries novas que estavam sendo lançadas. São elas: A Saga do Demolidor, Coleção Clássica Quarteto Fantástico, Fugitivos, A Saga da Liga da Justiça, Buda e a Edição Especial de Soul Eater. Todas de diferentes sazonalidades e valores. Porém, juntas, muito problemáticas para o meu bolso e para o bolso de qualquer consumidor. Fazendo as contas e colocando como se todas fossem mensais, apenas sob efeito de equiparação. Juntas, elas representam um gasto mensal de R$295,40. Ou seja, isso representa quase 25% do valor do salário mínimo. E olha que, eu admito, talvez seja dos colecionadores um dos menores, já que evito comprar coleções que vão demandar um valor ainda mais alto.

Estou tratando aqui de uma experiência meramente pessoal para descrever a complexidade de ter uma leitura de quadrinhos prazerosa e buscando o que se quer nos tempos atuais no Brasil. Essa conta que fiz, tira por completo possíveis novas HQs para compra de volume único e até mesmo alguma experimentação – comprando um volume e não gostando.

São tempos complicados, nada fáceis de se entender. Mas esse é o nosso país atual. E, com ele, infelizmente, devemos acabar deixando um pouco de lado nossos gostos. Claro que nunca é possível comprar tudo o que se quer. Entretanto, ultimamente, nem está sendo possível direito o que não se quer.

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