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19 jan 2023 - 10h48

Subverter a ideia de tempo, uma luta por identidade

Viver o Rock Camp como adulta é também uma oportunidade de recuperar a criança que fomos

Meses atrás deu uma viralizada na internet um tuíte que dizia algo como “eu me visto para adolescentes de 13 me verem na rua e pensarem ‘quero ser assim quando crescer’”. Você deve ter visto, possivelmente se identificado, mas a perspectiva que trago aqui é o inverso: participar do Rock Camp é olhar para campistas e suspirar “era assim que eu queria ter sido”.

Nos últimos anos, a palavra autoconhecimento vem sendo muito utilizada pelas gerações com mais de 30 anos no que parece uma tentativa de revisitar processos pessoais e observar comportamentos com verdadeira atenção. Entender como foi que nos tornamos quem somos parece uma questão importante e atual. É como se, coletivamente, nos déssemos conta de que adquirimos a maior parte de nossas características sem prestar muita atenção nelas.

E não é que já não soubéssemos que a sociedade vai nos impondo um monte de comportamentos. Sacamos isso quando conhecemos teoria feminista, quando a discussão sobre racismo e sexualidade nos impõe e nos atravessa. Mas de certo modo, a sensação do coletivo tem uma parcela não só de conforto, como de distanciamento, uma espécie de “é menos pior não ter feito a lição de casa se ninguém mais fez também”, neste caso, “é OK perder minha subjetividade quando todas nós passamos por isso, né?”.

Quando o mergulho em si se inicia, quando enxergamos as novas gerações construindo suas identidades com muito mais liberdade, a gente vê que não. Que não tem como ignorar o potencial de dor que é olhar para nós mesmas e começar a identificar quais foram as características que eram para ser nossas e simplesmente não puderam acontecer.

Ser engajada em movimentos sociais nos faz entender que muito provavelmente lutamos por mudanças que não vão necessariamente nos contemplar, ainda que tenhamos pressa, a gente se concentra no futuro. Mas a boa notícia é que, para além de todas as outras desconstruções a que vamos nos submetendo, é fundamental entender que o tempo também é um dado cultural a ser subvertido. Olhar para as feridas, curá-las, acreditar que ainda dá tempo e construir, finalmente, a identidade que você escolheu para você.

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