Liberdade de expressão x fake news

A fama de “mentiroso” da figura do político no Brasil, há muitos anos, se tornou o que a gente chama de piada pronta e um clichê comum em programas humorísticos. Porém, mesmo diante desse estigma, é importante separar os bons dos maus. Sempre tem os bons e os maus políticos, os bons e maus profissionais de alguma área específica. Mas quando lida com nossa boa-fé, isso parece ferir ainda mais profundamente. E eis que surgem os encantadores de rebanho, aqueles que se superam na falácia e prometem até casa na lua. Num primeiro momento, custamos a acreditar. Mas aquele tom tão firme do discurso, tão emocionado, aparentemente tão seguro, começa a convencer um, dois, três desavisados e quando se vê, temos uma multidão repetindo aquela ilusão, mesmo tudo não passando de um blefe.

Com a ascensão das redes sociais, a informação passou a circular com uma velocidade inimaginável. E o que antes era apenas uma fofoca de janela entre vizinhas ganhou proporções extra-continentais. Aí, aqueles figurões da política, seguidos por milhares e milhares de fiéis, começaram a se aproveitar dessa “boa fé”, ou do jeitão despreocupado do cidadão comum, que de tudo tira sarro e espalha brincadeiras maliciosas por aí, e passaram a disseminar as tão odiosas fake news.

Num cenário de pandemia, se tornou um fenômeno endêmico e preocupante. Na ânsia de encontrar a cura para essa doença maldita que assola nossa população, inventaram kits milagrosos sem qualquer eficácia, duvidaram da ciência e nessa banalização da informação se transformaram nos coautores desse verdadeiro genocídio. Instauraram não só o caos, mas um clima de salve-se quem puder! E no meio disso tudo, muitos se prestaram até a questionar se a Terra não seria mesmo plana! Um grande absurdo! Mas abraçar uma notícia falsa também se transformou em sinônimo de dominação, de poder, em especial sobre as mentes mais ingênuas.

Mas nós, que possuímos um pensamento crítico, se ficamos incrédulos quando um “político” que confiamos aparece contando uma versão distorcida dos fatos, duvidando da ciência, atrelando vacinação ao contágio da Aids, ou ainda anunciando a descoberta de um remédio milagroso pra curar uma doença no seu WhatsApp, em algum momento já nos perguntamos: isso não seria apenas liberdade de expressão? É claro que não! Nunca a distorção de uma informação, em especial quando milhares de vidas estão em jogo, será uma forma democrática de opinar sobre algo, uma situação, ou alguém.

Mentira e liberdade de expressão são coisas bem diferentes. A começar que todo excesso, toda história contada de forma fantasiosa e mentirosa é também criminosa. E isso é o que muitos maus políticos costumam fazer, alegando “democracia”, quando na verdade o que querem é pregar ideias absolutistas e impositivas de dominação, manchando a imagem de todos os demais que foram eleitos para representar o povo de maneira correta, sincera e leal.

Há ordenamento jurídico inclusive que respalda essa punição às fake news. Porém, é importante que se diferencie da censura, que simplesmente veda o comentário opinativo sobre algo ou alguém por não concordar subjetivamente com ele, sem danos à massa. Afinal, a liberdade de expressão é direito natural do ser humano, mas seus limites precisam ser observados quando partirem para o campo da difamação, fizerem apologia ao crime, a violência e à desordem, que são crimes previstos na esfera penal.

Em tempos de internet e de proliferação de notícias falsas, a distorção das informações se tornou algo doentio. Mas já é possível bloquear aquele chato que incomoda o grupo com mensagens absurdas encaminhadas sabe-se lá de onde ou de quem. E como todo político é um representante do povo, saiu aí do mesmo lugar onde você está nesse momento, precisamos que nas próximas eleições a gente aumente o filtro e não reeleja esses “tiozões” do WhatsApp que disseminam fake news. É hora de bloquear pra valer!

Porque já vimos o que aconteceu, não é mesmo? Subiram ao poder levando discursos distorcidos e maliciosos de ódio e de manipulação, que deixaram sequelas irreversíveis na nossa história. Ainda há tempo de limpar as Casas de Leis, as administrações federais, estaduais e municipais. Nas próximas eleições dê um block no falastrão e dê um voto de confiança em quem sempre jogou limpo, quem sempre foi verdadeiro e sincero com você. Já será um bom recomeço!

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