“Tormenta” faz uma análise madura das crises e intrigas do governo Bolsonaro

Jornalista Thaís Oyama costura fatos do passado do presidente com acontecimentos atuais para explicar seu primeiro ano de mandato

Quem viveu 2019 e acompanhou pelo menos parte do noticiário percebeu que o primeiro ano de governo do ex-capitão eleito presidente, Jair Bolsonaro, “não foi para amadores”. Do Caso Queiroz, envolvendo um dos filhos do presidente; passando pelo episódio “Tchutchuca” na Câmara dos Deputados, protagonizado pelo ministro da economia, Paulo Guedes; até os impasses com Alemanha e França envolvendo questões ambientais. Isso só para citar alguns dos vários acontecimentos políticos do ano passado.

O que a jornalista e escritora Thaís Oyama se propõe a fazer em “Tormenta – O governo Bolsonaro: crises, intrigas e segredos” é um grande panorama do que foram esses 365 dias iniciais. Até porque, mais do que acompanhar as notícias, para entender a fundo os acontecimentos (como a briga entre olavistas e militares) é preciso uma certa proximidade do clã Bolsonaro. “Crises” e “intrigas” são, sem sombra de dúvida, as duas palavras-chave do livro de Oyama.

Com passagem por veículos como “Veja”, a sucursal da TV Globo em Brasília e os jornais “Folha de S.Paulo” e “O Estado de S.Paulo”, Oyama tem uma visão experiente, de quem conhece os meandros e caminhos que o poder costuma tomar no Brasil. Citando reportagens e fontes próximas ao governo do 38º presidente da República, a narrativa da autora é fluída, direta e fácil de ser devorada – mesmo para quem não é tão fã de política.

As imagens que Oyama constrói se baseiam em acontecimentos carregados de simbolismos reveladores, mas ela ao mesmo tempo permite que o leitor construa sua própria perspectiva. “Bolsonaro caminhou rígido na direção do púlpito e, quando se virou para a assistência, fotógrafos notaram que seu lábio inferior tremia incontrolavelmente”, escreve ao fim do “Prólogo” que narra a ascensão de Jair Bolsonaro do “baixo clero” à presidência da República.

Para além da explanação sobre as múltiplas crises que acometeram o governo, e sobre as intrigas por trás de muitas delas, o livro traça ainda um segundo – e talvez mais importante – paralelo: a mudança de tom, e a forma como Bolsonaro ficou mais à vontade com o Poder, com P maiúsculo. É preciso um olhar mais amplo, permitido pelo livro, para perceber como o presidente deixa de ser uma figura insegura e apagada (como no episódio do Fórum Econômico Mundial) para se tornar o homem que se tornou próximo do ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal, e rivalizou com o experiente presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.

É um processo similar ao que levou Bolsonaro de deputado do “baixo clero” à presidência. O fato é que, taxado de imprevisível até mesmo por assessores próximos, Bolsonaro parece tirar seu poder de uma flexibilidade absurda – presa a poucas coisas, ou quase nada. Talvez seja esse o maior segredo revelado em “Tormenta”.

Serviço
“Tormenta – O governo Bolsonaro: crises, intrigas e segredos”, de Thaís Oyama. Companhia das Letras, 272 páginas, R$ 54,90.

Sobre o/a autor/a

3 comentários em ““Tormenta” faz uma análise madura das crises e intrigas do governo Bolsonaro”

  1. Martha Hirsch Aulete

    Arte.
    Literatura.
    Com ficam?

    Saúde & educação. Geral. E irrestrita. Isso sim.

    O Brasil precisa urgente voltar a qualidade de sua vida diária boa. Educação nas Escolas. Ter músicas realmente boas no dia a dia. E bons hospitais. O Brasil precisa urgente voltar a qualidade de sua música. PT venera a Indústria Cultural. Melhor para dominar. Literatura e alta cultura é de que o Brasil necessita a tempo nas nossas escolas e na educação das curuminhas. E de música boa. Esteticamente boa. A frente de tudo a qualidade de 1ª. Estética.

    O Jogo de Cartas da Educação Infantil: Seria o bom gosto nas escolas. Tal qual Tarkovsky. Ou como o cinema antigo (de qualidade brasileiro).

    Eis: 1º lugar educação dos mais jovens, para se ter solidez no futuro próximo. Necessitamos muito de bons hospitais. E escolas boas para os curumins. Precisamos de alta-cultura. Alta literatura; Kafka, Drummond, Dostoievski, Machado de Assis, Aluísio Azevedo do Maranhão. De arte autônoma. E educação verdadeira nas escolas dos pequenos. O que não houve. O Brasil vive consequência de nosso passado político bem atual (2 décadas). Fome, falta de moraria, atraso, breguices, escolas ruins, falta de hospitais: concreto… O resto são frasinhas® poderosas: Eis aí a pura e profunda realidade sociológica e filosófica: A “Copa das Copas®” do PT® em vez de se construir hospitais, construiu-se prédios inúteis! A Copa das Copas®, do PT© e de lula©. Nada se fez em 13 anos para esse mal brasileiro horroroso. Apenas propagandas e propagandas e publicidade. Frasinhas. Qual o poder constante da propaganda ininterrupta do PT®?

    Apenas um frio slogan, o LUGAR DE FALA do Petismo® (tal qual “Danoninho© Vale por Um Bifinho”/Ou: “Skol®: a Cerveja que desce Redondo”/Ainda: “Fiat® Touro: Brutalmente Lindo”). Apenas signos dessubstancializados. Sem corporeidade. Aqui a superficialidade do PETISMO®: Signos descorporificados. Sem substância. Não tem nada a ver com um projeto de Nação. Propaganda pura. O PT é truculento.
    PT = desonra. Ignomínia. Indigno. Poluição. Realidade crua.

  2. Martha Hirsch Aulete

    Bom…, relembrando algo bem recente, na política também. Observe:
    Com a “Copa das Copas®” do PT® em vez de se construir hospitais, construiu-se prédios inúteis!

    Digno de espanto, se bem que vulgaríssimo, e tão doloroso quanto impressionante, é ver milhões de homens a servir, miseravelmente curvados ao peso do jugo, esmagados não por uma força muito grande, hercúlea,
    mas aparentemente dominados e encantados!
    apenas pelo nome de um só homem [lula]
    cujo poder não deveria assustá-los,
    visto que é um só (lula –, o vigarista apedeuta).
    O PT é puro putifarismo.

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