Numa dessas coincidências da vida, o governo Ratinho Jr. (PSD) resolveu lançar um ataque às universidades estaduais exatamente um dia depois de as instituições anunciarem que manterão a greve. Nenhuma das sete universidades públicas aceitou a proposta de reposição salarial do governo – que parcela 5% de inflação até 2022 e deixa outros 12% no limbo.
O governo emitiu uma nota nesta terça-feira, um dia depois da reunião frustrada com os sindicatos, dizendo que as sete universidades, somadas, consumiram indevidamente R$ 20 milhões de dinheiro público com o pagamento de horas extras e outras despesas não autorizadas, somente em 2019.
Segundo o governo, entre os problemas encontrados nas universidades estão “remunerações acima do teto constitucional; pagamentos da gratificação de Tempo Integral e Dedicação Exclusiva para agentes universitários e docentes temporários; pagamentos de serviços extraordinários sem autorização; e pagamentos de vantagens, gratificações e adicionais remuneratórios sem fundamento legal”.
Os pagamentos de horas extras, diz a nota, ocorreriam especialmente nos casos de pessoas que teriam salários superiores a R$ 40 mil.
A resposta não demorou. A UEPG emitiu nota pública dizendo que as horas extras questionadas “são destinadas aos servidores da limpeza, vigilância, motoristas, laboratoristas e àqueles que realizam serviços gerais para a Prefeitura do Campus”.
A universidade diz ainda que essa necessidade existe porque o governo não repõe funcionários. “Em 2014, a UEPG tinha em torno de 900 servidores e hoje conta com cerca de 720. Em média, a cada ano, a UEPG perde 50 servidores, o que aumenta a disparidade entre demanda de serviços e capacidade de atendimento”.
A universidade diz ainda que, se contrata professores colaboradores é porque ainda “aguarda nomeação dos aprovados em concurso e espera autorização de novos processos seletivos.”