Passageiros da agonia – presos no vermelhão

O dia 19 deste mês ficou marcado na memória de muita gente; em passageiros que imploravam para desembarcar e no motorista, que não tinha como atender os gritos e apelos

Nada contra o transporte coletivo implantado em Curitiba, muitas vezes elogiado como inovador e coisa e tal, oferecendo um serviço de primeira, mas, como viver é perigoso… Saiu nos jornais: – 23 de julho de 2018 – O chão de um ônibus biarticulado, da linha Pinheirinho/Carlos Gomes, se partiu durante o trajeto até o centro de Curitiba nesta terça-feira. Para que o veículo não precisasse parar, os passageiros preferiram seguir viagem, sem avisar o motorista, que não percebeu o dano. O chão se partiu próximo à estação-tubo de um bairro, pouco depois das 6 horas. Ninguém ficou ferido.  

Um episódio mais recente  

Agora, pisando no acelerador (do tempo) para chegar ao dia 19 de janeiro de 2022, uma quarta-feira. A linha 203 – Santa Cândida/Capão Raso – tem 18 paradas partindo de Estação Central (esquina da Rua XV com Presidente Faria) até o Terminal Capão Raso. Pois bem, depois de ir (caminhando, não por economia, mas para fazer um exercício por conta da reclusão imposta pela tal gripezinha), há quem tenha ido, no pé dois, até o centro. Para retornar, esperou um vermelhão na Estação Central.  

Não demorou muito e iniciou a viagem – que seria marcada por um sério problema, além do calor e da aglomeração. Na primeira estação, Passeio Público, o ônibus parou, mas as portas não abriram. Surpresa, que se repetiria na sequência. Aí, passageiros começaram a bater nas portas nas paradas seguintes, gritando para o chofer “quero descer!”. Ele não tinha mais o controle do sistema – e foi tocando o barco. Parava e nada. O ônibus virou uma espécie de lata de sardinha, para desespero e crescente revolta de passageiros, que gritavam Abre a porta! Abre a porta! Batiam e chutavam as portas em cada parada.  

Fim da longa jornada  

O desfecho: as portas do ônibus só foram abertas no ponto final, com a intervenção (externa) de funcionários da empresa. E um passageiro, que pretendia descer na estação tubo da Avenida João Gualberto entre as ruas Moysés Marcondes e Manoel Eufrásio, pertinho do Hospital São Lucas, coincidentemente quase em frente ao Bar Luzitano, resolveu fazer um protesto: caminhou do ponto final até onde pretendia descer do vermelhão. Para valorizar o episódio e espantar o calor com uma bem geladinha.  

Na primeira estação, Passeio Público, o ônibus parou, mas as portas não abriram. Surpresa, que se repetiria na sequência. Aí, passageiros começaram a bater nas portas nas paradas seguintes, gritando para o chofer “quero descer!”

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