Mapa do Novo Mundo

Um poema de Derek Walcott, em tradução de Rodrigo Garcia Lopes

I       Arquipélagos

No fim desta frase, começará a chuva.
Na margem desta chuva, uma vela.           

Devagar a vela perderá de vista as ilhas,
pela névoa seguirá a fé nos portos
de uma raça inteira.

A guerra dos dez anos acabou.
O cabelo de Helena, uma nuvem gris.
Troia, cratera de cinzas
junto ao mar chuviscante.

O chuvisco aperta como as cordas de uma harpa.
Um homem de olhos nublados pega a chuva
e dedilha o primeiro verso da Odisseia.

***

Map of the New World

I      Archipelagoes

At the end of this sentence, rain will begin.
At the rain’s edge, a sail.

Slowly the sail will lose sight of islands;
into a mist will go the belief in harbours
of an entire race.

The ten-years war is finished.
Helen’s hair, a grey cloud.
Troy, a white ashpit                                        
by the drizzling sea.

The drizzle tightens like the strings of a harp.
A man with clouded eyes picks up the rain
and plucks the first line of the
Odyssey.

De The poetry of Derek Walcott, 1948-2013, New York: Farrar, Strauss and Giroux, 2013.

Derek Walcott -(Castries, Santa Lúcia, 23 de janeiro de 1930 – Cap Estate, Santa Lúcia, 17 de março de 2017).

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