Uma moradora do bairro Xaxim está organizando uma campanha para angariar recursos com o objetivo de construir um hospital que atenda aos bairros da região Sul de Curitiba. A região que deveria ser atendida, segundo ela, compreende Hauer, Xaxim, Boqueirão e Alto Boqueirão. Segundo ela, não há nenhum hospital na região, o que prejudica o acesso ao atendimento médico das pessoas dessas comunidades.
Eliane Cavalheiro, artesã, reside no Xaxim há 32 anos e durante todo esse tempo ficou sabendo da existência de apenas dois hospitais na região. Segundo a moradora, quando ela e sua família foram morar no bairro, havia o Hospital Vila Hauer, desativado faz uns 12 anos por dificuldades financeiras e que não contou com nenhum apoio para sua ativação. “A história que a gente ouviu é que o médico que era dono faleceu e acabou fechando”, diz. O outro hospital identificado por Eliane foi o hospital do Carmo, perto da Rua da Cidadania da Regional do Boqueirão, que também fechou definitivamente por dificuldades financeiras. De acordo com ela, o terreno está sem uso atualmente.
A iniciativa para construção do hospital
Eliane afirma que começou a iniciativa da campanha em 2020, mas que a ideia já tem cerca de 10 anos. A moradora conta que como não tinha conhecimento para dar início à ação, foi primeiro procurar o apoio da população. Com algumas divulgações, ela percebeu que as pessoas gostaram da ideia, considerando muito importante para a saúde da população da região. “Quando eu vou na Marechal, ali perto do Terminal, e converso com algumas senhoras, elas dizem: Minha filha, tomara que você consiga mesmo. Não tem uma pessoa que não diga isso”, diz a moradora.
Muitas pessoas sabem da ideia e apoiam, porém, Eliane teve que parar de fazer as divulgações por causa da pandemia. Como a recomendação era a de não promover nenhum tipo de aglomeração, foi respeitada, no entanto as pessoas se retraíram com relação à campanha.
A campanha para angariar recursos
Para prosseguir com a ideia, Eliane resolveu fazer uma campanha para angariar recursos e comprar algum terreno desativado. “Preciso de um terreno, um lugar para prosseguir com a ideia. A própria Vila Hauer tem inúmeros lotes do município cheios de mato. Conseguindo doações, já posso convocar os moradores da região para me ajudar”, manifesta. A moradora afirma que se uma considerável parcela de habitantes da região que compreende os quatro bairros (Boqueirão, Xaxim, Hauer e Alto Boqueirão) doasse um valor mínimo, em torno de R$ 20, a campanha já teria sucesso. “Multiplicando por 50 mil pessoas já teríamos um bom recurso financeiro. E só nesses bairros têm mais de 100 mil pessoas morando”.
Eliane explana que há a possibilidade também de o terreno ser doado, mas não sabe ao certo como funcionam os trâmites, pois, segundo ela, envolve muita burocracia. Poderia conseguir pelo município alguma área desocupada, com a construção de um pequeno hospital na região, se daria uma função social à ela. “Fazendo aos poucos, porque a gente não tem o poder do Estado, que tem condições e pode fazer”, completa.
Terrenos desocupados
A reportagem do Plural foi com a moradora até um terreno desocupado situado nas proximidades da UPA do Boqueirão e da praça Prefeito Lineu Ferreira do Amaral, entre as ruas Hipólito da Costa e Profa Maria de Assumpção, no qual tem uma placa informando que é de propriedade do município de Curitiba. Também há um campo de futebol sem utilização.
A moradora informa que não recorreu diretamente ao município para tentar uma doação de algum terreno, somente a algumas pessoas que tinham contato com a Prefeitura, porém não teve nenhum resultado. Dessa forma, o foco continua sendo a campanha para conseguir os recursos financeiros e comprar um terreno. Se a campanha tiver sucesso, ela pretende construir o hospital entre os bairros Hauer e Boqueirão, que ficam bem no centro da região, mas completa que vai depender da disponibilidade. “A gente não conhece muito quais que estão realmente disponíveis para isso. Mas para atender a região sul, mesmo. Atingir os bairros da região sul, os quatro bairros”, afirma.
O desejo da construção do hospital
Para Eliane, o que ela mais quer é despertar nas pessoas esse mesmo desejo de fazer algo. Afirmando ser muito espiritualizada, coloca a ajuda às pessoas em primeiro plano. “Então eu queria despertar nas pessoas esse desejo de ajudar e realizar alguma coisa. Mas não só ajudar, ficar só uma ideia, falando e não conseguir dar nenhum passo”.
Ela acredita que com o apoio da população tudo é possível e que têm como exemplo as ações da Irmã Dulce, da Bahia, que conseguiu construir um hospital em Salvador por meio de doações. Segundo Eliane, há 40 anos ela assistiu a uma reportagem sobre a freira e ficou com suas iniciativas na cabeça. “Então é bem possível, se ela conseguiu porque que outro não pode? Teve a intenção e realizou, simples assim!
Para ajudar na campanha é possível fazer uma contribuição de qualquer valor para a seguinte conta:
Caixa Econômica Federal: Agência 1282 – Conta Corrente: 814423673-2
Contatos pelo número: (41) 99934-6932 – Eliane Cavalheiro
EU CONTO MESMO É COM A POPULAÇÃO AMIGA DO MEU HAUER BOQUEIRÃO, GENTE QUE SABE DO QUE NECESSITA. QUEM AINDA ESPERA UMA RESPOSTA POSITIVA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTÁ PERDIDO. MUITA CONVERSA A TOA E NENHUMA ATITUDE!! O MUNICÍPIO É UM EXEMPLO .
Na próxima eleição prestem atenção nos candidatos e não vote em quem tem nojo de pobre, escolha bem o vereadores para não acabar com uma câmara racista e elitista.
A proposta de construir um hospital no Boqueirão realmente é muito antiga. Acompanhei por vezes esta reivindicação como técnica da área de planejamento da Prefeitura de Curitiba e tenho algumas considerações a fazer: 1- Um hospital não é um equipamento de atenção à saúde ao nivel de bairro. A função de prestar atendimento à saúde da população de um bairro são as unidades de saúde e as UPAS. Os hospitais do Município e mesmo da Região Metropolitana devem servir a toda a população do conjunto da Região.
2 – Um hospital não tem capacidade para atender a todas as patologias que acometem uma população, portanto, mesmo que tenha um hospital no Boqueirão ele não cobrirá todos os tipos de demandas.
3 – O custo maior de implantar um hospital não é o terreno e nem mesmo a construção. O maior custo é de manutenção. Assim, não resolve fazer vaquinha para comprar terreno e construir.
4 – Cabe à Secretaria Municipal de Saúde analisar as demandas que vem da população e dar respostas adequadas, considerando o conjunto do atendimento do Município.
5 – Penso que algumas pessoas, lideranças de comunidade inclusive, confunde atendimento à saúde com a existência de um hospital e isso é um engano. Se o atendimento das unidades básicas de saúde não está sendo satisfatório, se as Upas da região estão sobrecarregadas, se o SAMU demora para atender, se faltam médicos, enfermeiros, etc., penso que é contra estes problemas que a comunidade deveria se voltar e exigir a melhora. Construir um hospital não vai melhorar esta realidade.
6 – Sugiro que a reporter que fez a matéria converse sobre estes pontos com profissionais da saúde que são capacitados e críticos em relação aos problemas do Sistema de Saúde, para ter o suporte técnico necessário em relação a justa reivindicação da população, que apesar de justa está direcionada em um sentido incorreto.
Esse campo desativado era do Caxias. Por uma sequência de acontecimentos, o clube, que tinha um bom retrospecto no juvenil (dois títulos da Série B Juvenil da Suburbana entre 2015 e 2019), acabou primeiro se licenciando e depois sendo extinto. A área que usava, Estádio João Santana da Silva, o da foto, então retornou à Prefeitura, que havia cedido muitos anos atrás ao clube dentro da função de promotor de esporte e entretenimento para a comunidade do bairro.