Ocupação urbana na região de Curitiba é exemplo em proteção ambiental

Mais de mil fossas ecológicas foram construídas na comunidade Nova Esperança em Campo Magro

Em meio à crise ambiental pela qual estamos passando, uma área de ocupação em Campo Magro, região metropolitana de de Curitiba, se tornou um modelo de preservação ambiental. Mais de 1 mil fossas ecológicas foram construídas na comunidade Nova Esperança, em que as famílias decidiram assumir para si o cuidado com o meio ambiente.

Um dos cuidados mais importantes é a preservação do lençol freático, pois a Campo Magro está em cima do Aquífero Karst, uma reserva de água subterrânea que, sem o devido cuidado com o saneamento básico, corre grande risco de sofrer a abertura de crateras, o que pode acarretar até mesmo a destruição de casas. 

Segundo dados de 2018 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), 53,2% da população eram atendidos por coleta de esgoto, enquanto 46,3% possuíam tratamento de esgoto. Lançado em 2017 pela Agência Nacional das Águas e pelo Ministério das Cidades, o “Atlas Esgotos: Despoluição de Bacias Hidrográficas” aponta que 38,6% dos esgotos produzidos no Brasil não são coletados, nem tratados. É a situação que pode ser percebida em casos de esgoto a céu aberto, por exemplo. Outros 18,8% dos esgotos até são coletados, mas são lançados nos corpos d’água sem tratamento. Já os 42,6% restantes são coletados e tratados antes de retornarem aos mananciais, o que é o cenário ideal.

“A opção de fazer a fossa ecológica foi primeiramente para não ter contaminação de solo evitar a poluição e segundo para resolver a questão do nossa saneamento básico, tem um custo mais acessível para as famílias e fácil de construir”, afirma  Jair Pereira, coordenador da comunidade 

O sistema de tratamento é uma opção sustentável para o descarte de esgoto e por vez econômico. As fossas são feitas a partir de  pneus, que criam uma câmara de fermentação; caliças, que ajudam a filtrar a água negra; pedra brita, onde as bananeiras se enraízam; areia, que ajuda na filtragem; terra, onde plantas são colocadas; e dutos de inspeção, que ajudam a aliviar a pressão de gases formados dentro da fossa.

Fossa ecológica na comunidade Nova Esperança. Foto: Juliana Barbosa 

A proposta das biofossas na comunidade surgiu através de um estudo que a Universidade Federal que mostra que a comunidade tá acima de um manancial, e onde o poder público não teria interesse em fazer tratamento de esgoto da forma tradicional. Foram organizadas oficinas para ensinar a população a fazer as fossas e o Movimento Popular Por Moradia (MPM), decidiu aplicar em todas as casas. Em parceria com o assentamento Contestado na Lapa PR do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), foram cedidas várias mudas de bananeiras para o plantio em cima das fossas. 

Em várias casas a placas escritas “aqui tem fossas ecológicas” após um ano toda a comunidade já tinha feito as suas biofossas. “Que essa seja uma experiência para implantar em outras comunidades, para resolver o problema do saneamento básico que é mais ecológico, econômico e sustentável”, afirma Joabe Mendes de Oliveira do MST.  

Este texto faz parte do projeto Periferias Plurais, em que o Plural convida jovens de Curitiba a falarem de suas vidas e de suas comunidades. O projeto tem apoio do escritório de advocacia Gasam

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