Ocupação de leitos UTI Covid é de 96% em Curitiba

Mesmo com abertura de novas vagas, há apenas 13 leitos livres na Capital

Os leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) exclusivos para Covid-19 que são financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), seja na Rede Pública ou Privada, estão 96% ocupados em Curitiba. Isso significa que restam apenas 13 leitos em UTIs para atender toda a população da cidade, em um momento em que o número de casos atinge novos recordes a cada dia. Em toda Região Metropolitana de Curitiba (RMC), são 38 leitos livres.

Nesta sexta (27), foram 1.571 positivados, contabilizando um total de pouco mais de 75 mil infecções, e 16 mortes, em um total de 1.694 desde o início da pandemia. Os dados levaram o prefeito Rafael Greca (DEM) a decretar Bandeira Laranja para tentar conter o avanço rápido da doença.

Na Capital, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), alguns dos principais hospitais públicos já não possuem vagas de UTI disponíveis para novos pacientes. São eles: Hospital de Reabilitação (HR), Hospital do Trabalhador (HT), Hospital São Vicente e Hospital Erasto Gaertner. A situação também está crítica em outras duas unidades de saúde, o Hospital do Idoso e a Santa Casa, que estão respectivamente, com 99% e 98% das UTIs de Covid-19 lotadas.

Os números demonstram que a tentativa da Prefeitura de criar novos leitos com o fechamento do atendimento das UPAs, como a Boqueirão e a Fazendinha, não está desafogando as unidades hospitalares. Mesmo nos leitos de enfermaria da cidade, a ocupação alcança 85%.

Para Flaviano Feu Ventorim, presidente do Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Paraná (Sindipar), essas taxas já dificultam a articulação da rede hospitalar. “Com quase 13 mil casos ativos, aumento da demanda, além de pacientes com outras doenças, é muito difícil conseguir manter o acesso a leitos da forma como se deve ter em um hospital nesse momento”, diz ele.

Rede Privada e RMC

Na falta de vagas no sistema público da Capital, incluindo os leitos patrocinados pelo SUS na Rede Privada, a cidade recorre aos grandes hospitais particulares e à Região Metropolitana de Curitiba. No entanto, esses municípios não se encontram em situação melhor.

O maior hospital e o que possui mais vagas exclusivas para Covid-19 é o Rocio, em Campo Largo. Ainda assim, ele está atualmente com 91% das suas UTIs ocupadas, segundo a Sesa. Mas os leitos de enfermaria, que realizam atendimento para casos menos graves, ainda estão com 43% das vagas livres.

Outro hospital importante da região é o São Lucas Parolin, que apesar de contar com poucos leitos (22 de UTI e 30 de enfermaria), tem 30% das vagas para atender a pandemia de coronavírus ocupadas.

Já em São José dos Pinhais, no Hospital São José, todas as 10 vagas de UTIs estão ocupadas, assim como na enfermaria e nos leitos das duas UPAs da maior cidade vizinha da Capital.

Hospital São José está sem vagas para pacientes com Covid-19. Foto: PMSJP

Por aqui, o Hospital Nossa Senhora das Graças, uma importante unidade particular de Curitiba, não recebe mais pacientes graves desde o último domingo (22). Em uma nota publicada no Facebook, a instituição informa que está com 100% de ocupação nas “unidades de internação e de terapia intensiva, em especial as unidades específicas para pacientes com Covid-19”.

Em situação similar, com ocupação máxima da sua ala de internação, o Hospital Sugisawa também não recebe mais pacientes graves desde o dia 22. “[…] devido ao aumento expressivo do número de casos de Covid-19 na cidade de Curitiba, o Pronto Atendimento está no limite de sua capacidade”, informa em uma nota publicada no Instagram.

O mesmo ocorre com o Hospital Marcelino Champagnat, no qual os 33 leitos exclusivos de Covid-19 estão 100% ocupados. Em nota, a unidade de saúde informou que  registrou, na primeira quinzena de novembro, um crescimento de 128% no número de seriam de “pacientes com queixa de síndrome gripal”.

Isso ocorre porque, segundo Ventorim, a gestão de leitos de um hospital depende não só do número de UTIs disponíveis, como também dos leitos aptos a receber pacientes saindo das unidades intensivas, e tudo isso sem expor outros pacientes à Covid. “Gerir leitos é algo muito difícil e fica ainda mais complexo durante uma pandemia, por isso que os serviços de atendimento são tão afetados”, diz ele.

Para além dos leitos

Outro fato que chama a atenção é que os profissionais de saúde estão lutando contra a pandemia há meses e isso também tem um efeito na resposta de Curitiba ao coronavírus. Profissionais intensivistas, por exemplo, são mais difíceis de encontrar e uma grande parte deles são mais velhos e pertencentes ao grupo de risco.

“A sociedade acha que é fácil substituir um profissional que precisa se ausentar, mas não é. Só o processo de admissão já é demorado, ainda mais porque a cidade tem uma deficiência de profissionais, principalmente os experientes, que é o que uma UTI precisa”, explica Ventorim.

Além disso, a melhor forma de combater a pandemia é a prevenção, principalmente no que diz respeito a medidas que a população tem relaxado nos últimos meses. Assim, para melhorar a situação dos hospitais e da saúde de Curitiba, segundo Ventorim, é necessário um trabalho conjunto. “O que nós, profissionais da saúde, precisamos neste momento é o apoio da população. Usem máscaras, higienizem as mãos e evitem aglomerações.”

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