Moro participa de evento internacional com políticos alvos de escândalos de corrupção

Senador elogiou líderes latino-americanos envolvidos em casos de corrupção

O senador Sergio Moro (União) participou no último dia 23 de setembro de um encontro do Grupo Libertad y Democracia em Buenos Aires. Durante o evento, Moro encontrou vários políticos latino-americanos que nos últimos anos estiveram envolvidos em escândalos ​​de corrupção. Alguns deles também foram citados no caso Odebrecht, que desde 2016 foi o principal desdobramento da operação Lava Jato.

O Grupo Libertad y Democracia é um dos principais fóruns da direita latino-americana e nasceu em 2023 para atuar como contrapeso ao Foro de São Paulo. Depois de ter participado da primeira reunião desse grupo, realizada em março, Moro foi novamente convidado a Buenos Aires e fez um discurso denunciando a suposta tendência autoritária do presidente Lula.

“É uma grande honra poder participar de um grupo tão seleto”, declarou Moro depois de ter citado alguns dos ex-presidentes de vários países latino-americanos que estavam presentes no evento como Miguel Angel Rodriguez, Ivan Duque, Sebastian Piñera e Mauricio Macri.

A maioria deles já estiveram envolvidos em escândalos de corrupção, inclusive nos desdobramentos da Lava Jato nos diversos países da América Latina. Em 2011, o ex-Presidente da Costa Rica, Miguel Angel Rodriguez, por exemplo, foi acusado de ter recebido uma propina da empresa francesa Alcatel em troca de contratos no setor das telecomunicações. O ex-Presidente foi condenado em primeira instância a cinco anos de prisão, porém as sentenças das cortes superiores derrubaram esta decisão, invalidando muitas das provas colhidas pelas autoridades.

Nas redes sociais de Moro foram publicadas diversas fotos do senador com um grupo de participantes do evento; entre eles estava também o ex-presidente da Colômbia Ivan Duque. De acordo com as investigações das autoridades colombianas, em fevereiro de 2014 Duque teria acompanhando o então candidato à presidência Oscar Ivan Zuluaga para se encontrar com o marqueteiro ‘Duda’ Mendonça, com o objetivo de contratá-lo para a assessorar a sua campanha eleitoral com dinheiro pago pela Odebrecht. Duque afirmou ter participado da reunião, mas negou qualquer ligação com a empreiteira baiana. Zuluaga está atualmente sob investigação na Colômbia por financiamento ilícito devido a este caso.

Um outro político que apareceu ao lado de Sergio Moro nas fotos que postou em suas redes sociais é o ex-Presidente do Chile Sebastian Piñera, que ao longo de sua carreira política esteve envolvido em vários escândalos de corrupção e de conflitos de interesses. Em 2017, o Centro de Investigacion Periodistica de Chile revelou que Piñera teria escondido parte da sua fortuna nas Ilhas Virgens Britânicas enquanto planejava sua candidatura à Presidencia. Piñera também foi citado no caso Publicam, onde vários deputados chilenos foram acusados de falsificar os gastos da campanha eleitoral para desviar recursos públicos mas nos anos sucessivos ele foi absolvido. Em 2021, a Procuradoria do Chile abriu uma nova investigação contra o então Presidente do Chile porque seu nome foi relacionado ao escândalo dos Pandora Papers, uma investigação jornalística que analisou mais de 12 milhões de documentos sobre políticos e empresários que haviam escondido dinheiro em paraísos fiscais. 

O ultimo político citado por Sergio Moro durante seu discurso é o ex-Presidente da Argentina Mauricio Macri, mencionado nos Panamá Papers por ter figurado em uma empresa offshore que não declarou quando se tornou Chefe de Estado em 2015. Macri rejeitou qualquer tipo de ligação com esta empresa. Em 2021, Macri foi suspeito de corrupção com o Fundo Monetário Internacional, que em 2018 tinha emprestado ao seu governo mais de 50 bilhões de dólares que geraram um aumento descontrolado da divida externa do país.

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