Moradores pedem fiscalização e lombadas em cruzamento no Boqueirão

Se não fossem as árvores na esquina entre as ruas Oliveira Viana e Antônio Schiebel, no bairro Boqueirão, em Curitiba, dois carros teriam acertado em cheio a casa de Valdete Oliveira F. de Amaral. Na manhã de quarta-feira (26), próximo das 11h20, os veículos se acidentaram no cruzamento que, segundo moradores da região, tem causado diversos problemas depois que a prefeitura implantou o binário Oliveira Viana/Professor João Soares Barcelos no fim de março, deixando as vias com mão única. 

Além de colisões, os moradores da região presenciam frequentemente veículos em alta velocidade e avançando na contramão.

“A gente está totalmente desprotegido aqui. É um desrespeito, no mínimo. Antes era um bairro com pouco fluxo de carros. Mas com o asfalto novo e com esses trechos longos em que o motorista pode andar sem nenhuma barreira, isso vai virar um caos”, afirma o professor aposentado José Luiz Ferreira da Trindade, que mora na rua Oliveira Viana há 68 anos.

São cerca de 650 metros de pista (três quadras) em que os veículos não têm nenhum tipo de interrupção sobre a velocidade, como semáforos e lombadas. Nesse trajeto, pais e avós se deslocam com crianças até a Escola de Ensino Fundamental Nivaldo Braga, que fica na rua Professor João Soares Barcelos, paralela à Oliveira Viana.

“Nós estamos há quase um mês presenciando o pessoal vindo nessa rua muito acima dos 50 km permitido. São quatro horários de pico com muito risco, por conta da escola, e não há nenhuma sinalização: 7h30 e 11h30, momento que as crianças entram e saem na parte da manhã, 12h30-13h e 19h, horário que elas chegam e saem pela tarde”, destaca Trindade, que chegou a pedir a implantação de semáforos e radares no local pelo canal 156, da prefeitura, mas não recebeu retorno. 

A principal preocupação é em relação à população idosa, majoritária no bairro, e às crianças que frequentam a escola e precisam passar pela Oliveira Viana. Segundo os moradores, a rua paralela, Professor João Soares Barcelos, que forma o binário, não registra tantos incidentes por ser comercial e ter vagas para estacionamento. Por isso, os veículos passam mais devagar por lá.

“A Oliveira Viana é só residencial. Eles [os carros] passam voando. Não tem a sinalização e calçamento necessários. É preciso avisar que há escolas por perto na região”, defende a professora aposentada que lecionava na Nivaldo Braga, Ana Reghelin. Ela mora próximo ao cruzamento há 36 anos.

Na visão dos moradores, houve muita pressa em inaugurar o binário por parte da prefeitura, mas infraestruturas básicas como a regularização de calçadas, sinalização e lombadas não foram feitas. 

Para José Maurício, conhecido como “Deco”, e Orlei Anderson, que vivem na região desde os anos 1950, a solução seria a instalação de faixas elevadas para a travessia de pedestres no cruzamento. “Tinha movimento antes, mas agora dobrou o movimento e o principal problema é que dobrou a velocidade dos veículos. Vai ter óbito aqui se continuar assim”, alerta Deco.

Zuleide Damaceno de Santana, moradora da região há 15 anos, afirma que além da velocidade dos carros, o calçamento ruim (ou a falta dele) nas ruas da região prejudica os moradores. “Parece uma pista de corrida e sem calçadas a gente precisa andar pela via. Estamos tentando aprender a atravessar a rua de novo. Carrinho de criança, por exemplo, não passa em algumas ruas por aqui.”

A preocupação dos moradores é tanta que Rogerio Luiz Pavloski, de 68 anos, decidiu iniciar um abaixo-assinado solicitando a implantação urgente de um redutor de velocidade no local e a revisão da velocidade permitida, uma vez que se trata de uma área residencial com alto fluxo de pedestres durante o dia.

O documento, destinado à Superintendente de Trânsito, Rosângela Maria Battistella, já tem 20 assinaturas e continua circulando. Vizinhos de José Trindade, Pavloski e o neto moram na rua Oliveira Viana há 23 anos.

O que diz a prefeitura

Ao Plural, a Secretaria de Defesa Social e Trânsito (SMDT), por meio da Superintendência de Trânsito (Setran), informou que o cruzamento das ruas Oliveira Viana e Antônio Schiebel “está devidamente sinalizado para parada obrigatória, inclusive com calotas”. 

A pasta afirmou que foram instalados quatro semáforos ao longo da Oliveira Viana, um deles na esquina com a Rua Salvador Ferrante, cerca de 200 metros distante do cruzamento. Em relação aos redutores de velocidade, a Setran disse que “monitora todo o trecho do binário para possíveis intervenções em caso de necessidade”. 

Em nota, a pasta reforçou a obrigação dos motoristas em obedecer à sinalização de trânsito e os limites de velocidade estipulados ao longo do trajeto. “A responsabilidade por um trânsito seguro compete também à prudência e conscientização de todos que compartilham a via pública.”

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