Menino negro é abordado por segurança em farmácia de Curitiba e família aponta racismo

Polícia Civil está investigando o caso, mas ocorrência não foi tipificada como crime racial

Um menino de 11 anos foi vítima de racismo em uma unidade da farmácia Panvel, em Curitiba, nesta semana. A família registrou boletim de ocorrência no Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria) e a Polícia Civil está investigando o caso.

O menino estava com dor de garganta e foi levado pela mãe, Patrícia Marluce, até a unidade do Portão da farmácia. Enquanto ela comprava medicamentos, a criança ficou circulando pela loja e acabou abordado por um segurança branco na saída.

O garoto contou para a mãe que o segurança perguntou o que ele estava fazendo e o mandou sair da loja. Quando Patrícia soube do que aconteceu retornou à farmácia e perguntou o motivo da abordagem. “Ele logo veio pedindo desculpas. Disse que um funcionário tinha acionado o botão do pânico e que ele se confundiu na abordagem”, contou a mãe.

O segurança não soube explicar o que era suspeito na conduta da criança. E também não abordou outros “suspeitos”, apenas o menino negro. O caso aconteceu na terça-feira (11), por volta das 11h30.

Racismo

“Eu nunca tive essa conversa [sobre racismo] com ele porque achei que não aconteceria tão cedo. Eu denunciei não para levantar nenhuma bandeira, mas porque mexeu com meu filho. Eu precisava fazer minha parte para ensiná-lo que ninguém deve constranger ou limitá-lo”, lamenta Patrícia.

Na sede do Nucria, apesar das circunstâncias do crime, os policiais não tipificaram a ocorrência como racismo ou injúria racial. O boletim de ocorrência, em princípio, define a situação como “constrangimento de menor”.

A Polícia Civil do Paraná, questionada pelo Plural, afirmou que a tipificação de racismo só ocorre quando “a ofensa é destinada a um grupo, sem individualização da conduta. Já a injúria racial acontece quando a ofensa é destinada a uma pessoa específica”.

O advogado que representa a família, Valnei França, discorda da tipificação. “Nós sabemos que se trata de racismo estrutural. A escrivã achou que não havia elementos suficientes para enquadrar em racismo, mas pode ser revisto pela delegada responsável e nós vamos trabalhar para isso”, explicou.

À mãe da vítima funcionários da farmácia disseram que o funcionário que fez a abordagem da criança é terceirizado e novamente pediram desculpas. A reportagem do Plural procurou a assessoria de imprensa da farmácia Panvel para falar sobre a situação de racismo, mas até o fechamento deste texto não obteve retorno. O conteúdo será atualizado assim que houver posicionamento da empresa.

A Polícia Civil vai realizar “diligências par apurar as circunstâncias do fato”.

Outro lado

Em nota, a Panvel disse que “repudia qualquer tipo de preconceito ou discriminação, seja racial ou de qualquer outra origem. Todos os nossos colaboradores são treinados e orientados a prestar o melhor atendimento aos nossos clientes e reforçamos sempre com nossas equipes o compromisso da empresa pelo respeito a todos”.

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5 comentários em “Menino negro é abordado por segurança em farmácia de Curitiba e família aponta racismo”

  1. Pq a polícia não está tratando como racismo? Essa PCPR é MUITO ineficiente. O piá sofre racismo, mas a PCPR não quer classificar como racismo. Na Delegacia da Mulher da PCPR eles não aceitam denúncias de mulheres vítimas de crimes praticados por vizinhos e porteiros. Daí SEMPRE que a gente contacta a PCPR, 24 horas depois a gente começa a receber ligações de falso sequestro, golpes. A incompetência chega a ser automatizada!

  2. Lamentável! Lamentável!.
    Infelizmente aqui em Curitiba passo por isso constantemente, nos supermercados, shoppings, farmácias, lojas até restaurantes. Toda vez que entro numa loja o vendedor(a) tem um certo “medo” e como se eu fosse assaltar, só consigo passar confiança quando escolho um produto e passo o cartão. No shopping pátio batel eu não entro mais infelizmente.

  3. Sou negro e fui seguido por fiscais de loja no Carrefour Pinhais. Sou assíduo no mercado, mas sempre ia de dia ou a tarde, quando resolvi ir a noite naquele dia onde eu ia o fiscal estava e olha que é um mercado muito grande. Nunca mais coloco os pés lá, prefiro pagar mais caro em outro

  4. Não sei se coincidência, mas a minha esposa é negra. Um dia numa farmácia panvel, vi que ela e meu filho estavam sendo “perseguidos” por um segurança. Uma postura absolutamente desagradável e preconceituosa. Nunca mais retornei a essa farmácia.

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