O núcleo periférico de Curitiba promove um ato em memória do imigrante congolês Moïse Mugenyi, morto no Rio de Janeiro ao cobrar salário atrasado. A manifestação será neste sábado (5), às 17 horas, em frente à Igreja do Rosário.
Não há uma estimativa de público – sobretudo por conta das estatísticas da Covid-19, mas já estão confirmadas apresentações culturais durante o ato.
Ao Plural, a assessoria do vereador Renato Freitas (PT), que faz parte da organização do ato, informou que durante a manifestação será feito um documento que deve ser encaminhado ao Ministério Público (MP).
Questão racial
Para além da xenofobia, o assassinato de Moïse também tem um recorte racial. “Nós vamos estar presentes porque esta é uma questão do racismo estrutural e orgânico. Ele foi morto não por ser um imigrante, mas por ser um imigrante negro, porque o mesmo não ocorre com imigrantes brancos”, pontua o presidente do Conselho de Promoção de Igualdade Racial do Paraná (Consepir), Saul Dorval.
Afirmação corroborada pelo núcleo periférico, que também traz um recorte racial como motivador do homicídio de Moïse.
Relembre
O refugiado Moïse Mugenyi, de 24 anos, foi espancado e amarrado ao lado do quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. O crime aconteceu no dia 24 de janeiro, mas a família só foi avisada no dia seguinte, quando o corpo já estava no Instituto Médico Legal (IML).
O corpo foi enterrado na tarde de domingo (30), no cemitério de Irajá, na zona norte do Rio, com dança e cantos, seguindo a tradição africana.
No Paraná
De acordo com a Cáritas Paraná, apenas um congolês recebeu atendimento no Paraná no ano passado. No entanto, 1.975 venezuelanos, 254 haitianos, 84 cubanos e 75 colombianos procuraram auxílio para regularização da situação no Brasil por meio da ação da Cáritas.
Em meio a tantas pessoas atendidas, casos de xenofobia não são raros. “É o nosso maior desafio combater a xenofobia”, declara o assessor da Cáritas André Martini.
Quando casos assim ocorrem, as vítimas são orientadas e direcionadas para os órgãos responsáveis. Se for o caso, a Cáritas faz o “meio-campo” até o Ministério Público, Defensoria etc.