Curitiba decide manter proibição de celulares em bancos. Discussão foi acirrada na Câmara

Em debate polêmico, vereadores decidiram manter proibido uso de celulares em bancos de Curitiba por questão de segurança

A Câmara de Curitiba decidiu manter proibido o uso de celulares em bancos de Curitiba. A resolução do impasse que perdurou por semanas veio nesta segunda-feira (27), após votação de virada e sob pressão de trabalhadores do setor, contrários à iniciativa da vereadora Amália Tortato (Novo).

O principal argumento para derrubada do projeto é que a liberação do uso de aparelhos celulares dentro das agências bancárias da capital poderia estimular uma nova escalada de “saidinhas de banco”, como ficaram conhecidos os episódios de roubo a clientes que deixam as agências com dinheiro em espécie, principalmente idosos. No modus operandi deste tipo de delito, a vítima é vigiada desde dentro do estabelecimento por uma parte da quadrilha. Para orientar a abordagem, outros criminosos do lado de fora recebem detalhes em tempo real sobre a vítima e suas transações, repassados por ligações ou mensagens de texto.

Crimes como este explodiram no Brasil no início da década de 2010. Em Curitiba, houve casos terminados em morte, e uma lei aprovada em 2010 baniu o uso dos aparelhos dentro das agências sob alegação de mais segurança a trabalhadores do setor e a clientes. Em 2015, norma de mesmo teor foi incorporada pelo Estatuto da Segurança Bancária.

Debate polêmico

A intenção da vereadora Amélia Tortato era revogar o que já estava em vigor para “desburocratizar e simplificar o relacionamento do setor financeiro com o Poder Público”, levando em conta o novo contexto de uso de celulares. “Hoje é fácil, no entanto, constatar o amplo uso do smartphone nas agências bancárias desta Capital, não só como instrumento de comunicação, mas também como ferramenta para a obtenção de chaves e validação de transações financeiras, considerando que muitas delas se utilizam de QR Codes, como o Pix, geralmente operacionalizado por meio de dispositivos móveis”, diz o texto.

Depois de um empate na votação da semana passada, com voto de minerva do presidente da Casa favorável, a proposta foi barrada em segunda votação nesta segunda-feira, com 19 votos contrários, 12 a favor e quatro abstenções.

A votação ocorreu em sessão de debates bastante disputados e ânimos acirrados. As galerias foram ocupadas por trabalhadores do setor de bancos, principalmente vigilantes.

Na Câmara, no mês passado, o presidente do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região, João Soares, chegou a dizer que parlamentares a favor do projeto seriam “cúmplices” e teriam “as mãos sujas de sangue” diante de uma possível nova onde de crimes facilitada pela mudança na legislação. O Sindicato dos Bancários de Curitiba e região metropolitana também rechaçou a iniciativa e defendeu, antes de um nova discussão sobre o tema, a elaboração de estudos apontando para novas formas de segurança em caso da volta do uso dos aparelhos no interior das agências.

Embora proibido, o uso de celulares em bancos de Curitiba é bastante comum. Mas, de acordo com as normas, clientes podem ter até mesmo os aparelhos de telefones apreendidos em caso de descumprimento da lei.

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima