Ao criticar passaporte da vacina, deputados confessam não terem se imunizado

Coronel Lee e Ricardo Arruda, ambos do PSL, afirmaram não terem tomado vacina contra a Covid-19

Pelo menos dois deputados do Paraná confirmaram não terem se vacinado contra a Covid-19. As confissões vieram no rastro de críticas ao projeto de lei que estabelecia a exigência de comprovante de imunização para acesso a espaços públicos como escolas e equipamentos de transporte, o chamado passaporte da vacina. O projeto foi arquivado nesta terça-feira (28), mas o tema seguirá em discussão no legislativo paranaense por causa de outra iniciativa semelhante em análise.

O arquivamento foi decidido pelo presidente da Alep, Ademar Traiano (PSDB), pelo 1º secretário da casa, Luiz Claudio Romanelli (PSB), e também pelo deputado Alexandre Curi (PSB), todos autores da proposta. Eles recuaram de manter a discussão em trâmite por entenderem haver inconstitucionalidade na questão, a qual, segundo eles, deve ser determinada pelo Poder Executivo, e não Legislativo.

O fim da análise deste projeto em específico foi confirmado no início da tarde desta terça, enquanto algumas pessoas protestavam do lado de fora da Alep contra o projeto. Internamente, a resistência também foi grande.

Em crítica à iniciativa, o deputado Ricardo Arruda (PSL) usou parte de seu tempo de fala na sessão desta terça para acusar o projeto de restringir liberdades individuais. No discurso, que teve o uso de informações falsas, ele também confessou não ter tomado a vacina contra a Covid-19.

“Por que eu vou me vacinar? Como eu, milhares e pessoas que pegaram Covid foram curadas e estão imunes. Para que eu vou tomar uma vacina se eu já estou imune? Para que eu vou correr o risco de uma vacina que ainda não estão detalhados os efeitos colaterais?”.

O deputado Coronel Lee foi outro que se mostrou contrariado. Ele chamou o texto de “absurdo” e relativizou se, então, um criminoso sem vacina não iria preso por não estar vacinado. Ele também confirmou não ter tomado a vacina.

“Eu não tomei essa vacina, mas meus exames pós-Covid apontam que minha imunização está muito superior a centenas de pessoas que foram vacinadas”, disse o parlamentar.

Mas a informação usada pelos parlamentares não está correta. Pesquisas científicas adotadas por órgãos sanitários nacionais e internacionais têm corroborado a tese de que a contaminação pelo Sars-Cov-2 não previne o paciente de futuras contaminações, ainda mais por outras variantes do vírus.

Um estudo da Universidade de São Paulo (USP) publicado em julho na revista The Lancet mostrou que especificamente a variante Gamma, conhecida como “brasileira” ou “P.1”, tem capacidade de driblar os anticorpos gerados pelo sistema imunológico de infecção anterior por outras variantes do coronavírus. Há outras pesquisas neste sentido. Em junho, outro trabalho publicado em parceria com pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) indicava que a variante delta, uma das que mais circula no Brasil atualmente, pode aumentar o risco de reinfecções.

O posicionamento oficial das autoridades de Saúde para defender a vacinação como um dos instrumentos mais eficazes de combate à pandemia atenta para o risco da reinfecção.

“O surgimento das variantes do vírus Sars-CoV-2 aumentam a chance de reinfecção da doença. Portanto a imunização por meio da vacina é indispensável”, afirma o governo do Paraná em relação à necessidade de imunização por quem já teve Covid-19.

A recomendação é a mesma adotada pela prefeitura de Curitiba. “Apesar de ser verdade que o corpo humano possa gerar anticorpos após a doença, nem sempre há o desenvolvimento da chamada “memória imunológica”, que é a capacidade de reconhecer o vírus e evitar que ocorra uma nova infecção. A recomendação é que nessas pessoas o imunizante seja aplicado pelo menos quatro semanas após a recuperação”.

Discussão segue

Outro projeto com objetivo semelhante segue em trâmite. De autoria do deputado Arilson Chiorato (PT), a iniciativa também cria a premissa da vacinação para ingresso em ambientes com aglomeração.

“Nosso projeto em nenhum momento obriga as pessoa a se vacinar. O seu direito de escolha em não vacinar está garantido. O que a gente está colocando são restrições de acesso a alguns ambientes por conta do poder ainda de espraiamento da doença”, defendeu o parlamentar, fazendo um paralelo com a lei que obriga o uso de máscaras no Paraná. “A lei não proíbe que a pessoa não use máscara, mas que se ela for circular pelas ruas, em lugar de aglomeração, ela tem que usar. Esse projeto coloca a mesma coisa”. A proposta terá a constitucionalidade analisada na próxima semana.

O passaporte da vacina já é adotado hoje em 249 municípios brasileiros, segundo levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM) feito entre 20 e 23 de setembro. Um deles é São Paulo, capital em que a comprovação será requisito obrigatório para participar de eventos de grande porte com público superior a 500 pessoas. Internacionalmente, países como Grécia, Franca, Espanha, Itália e Portugal também exigem comprovante de imunização para situações específicas – inclusive de turistas.

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2 comentários em “Ao criticar passaporte da vacina, deputados confessam não terem se imunizado”

  1. Pastor, triste é ver vcs apoiarem uma aberração ditatorial sobre a população. Vcs só sabem corroborar a pobreza e a submissão aos políticos podres do sistema vigente. Uma VERGONHA…

  2. Pastor Jorge Nunes

    É muito triste ver deputados dizerem que não tomam a vacina, esse é um presuposto para incitar ao Genocidio Paranaenses .
    Mas cada um tem o livre arbítrio de tomar ou não tomar, mas deixam de lado a ciência pela sua presunção de serem imunidade…

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