Alunos da UEPG citam expulsão de aluna na Bahia para cobrar posição em caso de racismo

Alunos da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) vêm usando as redes sociais para cobrar um posicionamento oficial da instituição sobre as mensagens de teor racista e nazista trocadas entre alunos do curso de Agronomia. O caso foi divulgado pelo Plural nesta terça-feira (20) e ganhou repercussão.

Ao longo desta terça, muitos estudantes da UEPG citaram o desfecho de um caso recente em Feira de Santana para cobrar a gestão da universidade.

O episódio baiano veio à tona também nesta segunda. Um vídeo compartilhado nas redes sociais mostra o momento em que um pró-reitor do Centro Universitário Nobre (Unifan) comunica aos alunos a expulsão de uma estudante que tuitou mensagens racistas. Ela estava nas fases finais do curso de Direito.

“odeio lula pq ele inventou o fies e colocou um monte de desgraça na minha faculdade” [sic]. Em resposta, outra pessoa escreve: “KKKKKKKKKK um monte ** *****”, ao qual a dona do perfil responde “pobre ou preto?”

Reunido em frente a centenas de alunos da universidade, o pró-reitor anunciou o desligamento. “O Conselho se reuniu de manhã e de tarde para discutir [o caso] e já foram tomadas as devidas providências. A aluna não faz mais parte da instituição”. A fala foi aplaudida e ovacionada.

Desfecho do caso.

Aluna que fez o comentário racista foi expulsa da faculdade. O anúncio foi feito pelo reitor diante de centenas de alunos. pic.twitter.com/cWEgtNxsrS

— Rafael Velame (@rafaelvelame) September 21, 2022

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Muitos alunos da UEPG usaram o vídeo para reivindicar um posicionamento da gestão em relação ao episódio de racismo, nazismo e homofobia configurado em mensagens trocadas em um grupo de WhatsApp de estudantes de Agronomia. A maior parte do conteúdo – denunciado primeiramente à  Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) – foi compartilhado em forma de “figurinhas”. O caso está sendo investigado também pelo Ministério Público do Paraná (MPPR).

Um dos stickers diz “Opa Opa Preto aqui não” anteposto a uma foto de membros da Ku Klux Klan, organização terrorista de extrema-direita, fundada nos Estados Unidos, que se autoproclama supremacista. Logo abaixo, outro aluno responde “KKK” – sigla da Ku Klux Klan, mas também usado no Português como onomatopeia de risada. Em seguida, duas outras fotos compostas mostram uma criança negra que corre de um homem branco armado em cima de uma bicicleta.

Outras dezenas de figurinhas de mesmo tom foram postadas no grupo.

“Olha UEPG! Que exemplo”, diz um estudante da UEPG em referência ao vídeo da Bahia. “isso é o mínimo que a uepg deveria fazer tbm”, diz outro. “ala UEPG cade vcs fazendo isso aqui tbm”, coloca uma aluna. “Uepg deveria fazer isso tbm, mas sabemos que são alunos de curso de rico, não vão ter coragem de mexer com aqueles agro fdp, ainda mais nessa cidade racista e escrota”, diz outro tuíte.

A UEPG foi novamente procurada pela reportagem, mas não respondeu se planeja fazer um comunicado oficial sobre o caso ao corpo discente.

Além do que já havia esclarecido anteriormente – de uma apuração na Ouvidoria e encaminhamento do caso a MP –, afirmou que, “tão logo esteja concluído o processo administrativo interno, a instituição vai impor as medidas cabíveis aos autores dos ataques”.

“A UEPG ressalta que,  por meio da Diretoria de Ações Afirmativas e Diversidade (DAAD-PRAE), a primeira do tipo numa universidade estadual, atua no combate a toda e qualquer manifestação de racismo”.

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