Ainda temos tempo de mudar as eleições?

Menos de 30 dias antecedem a data de irmos às urnas e decidirmos quais serão nossos novos representantes

Menos de 30 dias antecedem a data de irmos às urnas e decidirmos quais serão nossos novos representantes. Debates e horários eleitorais tiveram início e, infelizmente, o que se vê são poucas propostas que mencionam como pauta o meio ambiente. Há quem diga que isso era realmente esperado, uma vez que a conservação e a restauração de ecossistemas nunca foram tratadas realmente como prioridades nos planos de governos. Mas, razões para mudar esse cenário não faltam.

A começar pelo fato de o Brasil ter assumido o compromisso internacional de reduzir pela metade o desmatamento ilegal no país até 2027, ou seja, dentro da próxima gestão. Apenas na Mata Atlântica, no último ano, tivemos um aumento de 27% no desmatamento, totalizando mais de 30 mil hectares perdidos segundo os dados do MapBiomas Alerta. O relatório nos mostra que tivemos uma perda equivalente de 82,6 hectares/dia, sendo o Paraná o terceiro estado com maiores índices de desflorestamento. Mas, vale lembrar que reduzir 50% é apenas parcela do compromisso, uma vez que nossa meta é zerar o desmatamento ilegal até 2028 – apenas um ano depois.

Se considerarmos as emissões de gases de efeito estufa do desmatamento na Mata Atlântica (no ano de 2018 – 450 MtCO2), o bioma poderia ser considerado o 18º país com maiores emissões, ultrapassando potências como o Reino Unido. Para termos ideia, este número é 20% maior que as emissões da Amazônia, que também sofre com desmatamento em números alarmantes. Por outro lado, a restauração na Mata Atlântica é a maior oportunidade de contribuição para redução dos efeitos das mudanças climáticas. Segundo dados da SOS Mata Atlântica, se 15 milhões de hectares de floresta forem restaurados e práticas de baixo carbono forem adotadas, somado ao desmatamento ilegal zero, poderíamos chegar, inclusive, à neutralidade das emissões de carbono pelo uso da terra.

Em matéria ambiental, compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal (art. 24, CF/88) legislar sobre a proteção das florestas, bem como do patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico. De tal forma que, ao votarmos para presidente e governador estamos escolhendo os representantes que terão maior influência sobre a pauta ambiental – não excluindo as possibilidades de atuação dos municípios. O mesmo acontece com senadores e deputados que têm o poder de voto para uma série de medidas legislativas, podendo evitar que “a boiada passe” por cima do nosso país.

É certo que, por isso, exercer conscientemente a cidadania neste momento é primordial para a construção de uma agenda ambiental mais efetiva nos próximos anos. A pauta ambiental tem consequências na saúde pública, no fornecimento de matéria-prima para os negócios, na gestão e no uso do solo pela agropecuária e silvicultura, na ocorrência e prevenção de eventos climáticos extremos, como deslizamentos, enchentes e crises hídricas e no aumento da desigualdade de acesso a recursos básicos, por exemplo.

É por essas e outras razões que diversas entidades do terceiro setor têm produzido documentos com indicações e sugestões que podem auxiliar e nortear as propostas e os planos de governos dos candidatos. São organizações que se dedicam a questões socioambientais há décadas e que colocam à disposição sua expertise técnica para contribuir em propostas que seja efetivas e que representam um balanço custo-benefício favorável.

Nosso convite é para que você conheça um destes documentos! Conhecer o que é possível fazer em meio ambiente, quais os caminhos mais benéficos e o quanto cada candidato está disposto a tratar do assunto e avançar nesta agenda é a melhor forma de contribuir com a construção de um mundo ecologicamente equilibrado, para as presentes e futuras gerações. Se informe! Vote consciente!

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2 comentários em “Ainda temos tempo de mudar as eleições?”

  1. Se o Alckmin morrer, ou qualquer outro candidato a vice, o que acontece com esse cargo? A coligação é obrigada a colocar outro candidato no lugar do defunto?
    É muito homem idoso concorrendo nessas eleições. Os partidos tem planos de contingência caso falecimentos ocorram?

    1. Rosiane Correia de Freitas

      Oi Gilberto, essa é uma contingência do cargo, não dos partidos. Se o vice-presidente morre durante o mandato, não há nenhuma alteração na composição do governo. Mas na ausência do ou da presidente, quem assume o governo é, em primeiro lugar, o presidente da Câmara, em segundo o presidente do Senado e em terceiro lugar o presidente do Supremo Tribunal Federal. Se a morte ocorrer durante a campanha eleitoral, o partido pode registrar outro candidato no lugar.
      Obrigada pela audiência

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