Ricardo Barros foi depor à CPI com um problema. Saiu de lá com quatro

Postura definida como "soberba" rendeu uma convocação para novo depoimento, envolvimento do STF no caso e holofotes sobre outra compra de vacinas

O deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) depôs à CPI da Covid-19 no Senado Federal nesta quinta-feira (12). O depoimento, que há um mês era um dos mais esperados, quando o deputado Luís Miranda (DEM-DF) disse que Barros estaria envolvido em ilegalidades na compra da vacina Covaxin, foi esfriando com o passar do tempo e chegou ao ponto de a CPI transformar a convocação do líder do governo em um convite. Entretanto, a postura de Barros nesta quinta fez com que o deputado, que chegou para depor com apenas um problema – explicar seu papel na negociação da Covaxin – saísse de lá com outros três.

O primeiro novo problema é que Barros não conseguiu encerrar o compromisso de depor à CPI. Com a postura “soberba”, nas palavras da senadora Simone Tebet (MDB-MS), ele terá de comparecer novamente à comissão, desta vez como convocado, não como convidado. As principais diferenças entre os dois tipos de chamado é que os convocados não podem recusar a participação nem definir data ou horário do depoimento. Há ainda uma diferença menos legalista, que ficou clara na fala de Omar Aziz (PSD-AM), presidente da comissão. “Convite é para quem a gente respeita; convocação é para quem a gente perde o respeito”, disse o senador, indicando uma postura mais ríspida da comissão no próximo depoimento, que ainda não foi marcado.

O segundo problema que Barros construiu hoje é o envolvimento do Supremo Tribunal Federal no caso. A comissão, a pedido do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) vai encaminhar ao STF um ofício questionando qual deve ser o procedimento da comissão diante das “mentiras” contadas por Barros. A acusação de que o paranaense mentiu foi feita expressamente por ao menos três senadores: Alessando Vieira; Randolfe Rodrigues (Rede-AP); e Renan Calheiros (MDB-AL).

O terceiro problema apareceu quando Barros acusou a CPI de afastar do Brasil os fornecedores de vacina. Ao dizer isso, ele citou o caso da fabricante chinesa Cansino, que buscava vender vacinas no Brasil representada pela farmacêutica Belcher. A fabricante, entretanto, descredenciou a Belcher alegando “questões de compliance”. A Belcher é uma empresa de Maringá, cidade de Barros, que tem no comando empresários ligados ao deputado. O próprio Barros admite ter intermediado reuniões da Belcher com o Ministério da Saúde, mas diz que o objeto da conversa foi um medicamento antiviral, não a compra de vacinas. Ainda assim, ao trazer a Cansino para a discussão, o deputado coloca holofotes sobre um caso que estava ofuscado pelo da Covaxin.

Em entrevista após o encerramento da sessão, Ricardo Barros afastou as acusações de que teria mentido durante a reunião e disse que o envolvimento do seu nome em suspeitas do caso Covaxin é um grande equívoco. Sobre a postura que adotou no depoimento, ele disse que não poderia ficar ouvindo inverdades sem reagir e alegou que foi atacado por ser líder do governo Bolsonaro.

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima