Em audiência no TRE, Moro se recusa a responder perguntas de advogados

Senador enfrenta duas ações por abuso de poder que podem levar `{a sua cassação

O senador Sergio Moro (União) se recusou a responder perguntas dos advogados de seus adversários na sessão desta quinta (7), quando depôs no Tribunal Regional Eleitoral. Moro, que é acusado em duas ações de abuso de autoridade, e que em tese pode perder o mandato por isso, respondeu apenas as perguntas feitas pelo relator do caso no tribunal, o desembargador Luciano Carrasco.

Depois de seu depoimento, Moro falou com a imprensa, mas novamente numa espécie de monólogo. O senador se limitou a responder a uma pergunta justificando que “estas ações são um verdadeiro castelo de carta e são frívolas. Foram promovidas pelo PT e por um candidato que perdeu as eleições e quer ganhar no tapetão o mandato de senador”. A referência era ao ex-deputado federal Paulo Martins (PL), que ficou em segundo lugar na eleição de 2022.

Falando com os jornalistas, os advogados autores da ação interpretaram o comportamento de Moro de não responder a suas perguntas como um “sinal de confissão”.

Moro atualmente é alvo de duas ações no TRE, uma apresentada pelo PT e outra pelo PL, que alegam abuso de poder econômico por supostas irregularidades nos gastos durante a pré-campanha, quando o atual senador de União Brasil era pré-candidato à Presidência da República pelo Podemos.

Depois das alegações finais, previstas no começo da semana que vem, o processo será julgado em janeiro depois do recesso do Judiciário.

A crônica da jornada

Moro chegou ao TRE por volta das 12:45 na sede do TRE junto com seu segurança e sua assessora de imprensa. A audiência, a portas fechadas, começou às 13 horas e demorou cerca de uma hora. Tempo suficiente para responder apenas às perguntas feitas pelo desembargador Luciano Carrasco sobre a gestão das despesas de sua pré-campanha. Os questionamentos principais envolviam vários assuntos, um deles dizia respeito ao contrato assinado pela União Brasil com o escritório de advocacia onde atuava o suplente de Moro, Luis Felipe Cunha, que apesar de investigado não compareceu à audiência. 

“As explicações que o mesmo senador deu mostram que este contrato era falso. Ele falou que o suplente era o advogado dele, mas que aquele contrato remunerava não só o suplente mas também remunerava o seu verdadeiro advogado ”, afirmou depois da audiência o advogado Luiz Eduardo Peccinin, representante da Federação Brasil da Esperança.

Moro não abordou diretamente esta questão com a imprensa e afirmou de forma geral que nenhuma despesa da pré-campanha influenciou a campanha ao Senado no Paraná. “A convenção nacional do Podemos que fizemos em Brasília em 2021 não gerou nenhum voto favorável a mim aqui no Paraná”, se defendeu o senador, afirmando ter aceitado a candidatura ao Senado depois que o TRE de São Paulo rejeitou o seu domicilio eleitoral.

“Eles começam levianamente falando que teria caixa 2 e nada disso foi comprovado. Fiquei profundamente ofendido quando as partes alegam que gastos com segurança deveriam ser considerados para cassação do meu mandato”, continuou o senador revelando que ele considerava a questão da segurança como condição para sua candidatura. Em particular, contesta-se no processo que o senador tenha solicitado um carro blindado do valor de quase R$ 200 mil que teria sido pago pelo Podemos com dinheiro do Fundo Eleitoral em março de 2022. “São carros que não ficaram comigo e que inclusive foram utilizados por outros dirigentes do partido. Andar de carros blindados não traz nenhuma vantagem competitiva nas eleições, pelo contrário até soa antipático para o eleitor”, se defendeu Moro.

Por conta de tudo isso, Moro decidiu não responder aos questionamentos das partes que preparam mais de 200 perguntas ao senador: “Respondi ao juiz e ao Ministério Público, os advogados fizeram ações levianas. São eles que têm que demonstrar o o abuso de poder econômico, que não houve”, afirmou o senador.

Dois lados

O advogado do senador, Gustavo Guedes, se manifestou depois que o ex-juiz saiu da sede do TRE. “A maior parte dos gastos contestados não correspondem a gastos aqui no Paraná, mas são gastos eleitorais. Menos de 2% dos gastos na pré-campanha tem alguns tipo de relevância eleitoral. Não houve gastos aqui no Paraná então não houve um reflexo eleitoral. A gente está muito confiante no resultado positivo do processo.”

Depois da audiência, o advogado que representa a Federação Brasil da Esperança, Luiz Eduardo Peccinin, afirmou que a decisão de Moro não responder as perguntas “não faz diferença porque está tudo comprovado nos autos, em particular por documentos que ele mesmo assinou. Muitas vezes as pessoas acham que estão se defendendo no processo mas na verdade às vezes elas acabam se condenados”. Peccinin diz acreditar que o processo leve à cassação de Sergio Moro.

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