Avião desaparecido com funcionários do Governo de Ratinho é de condenado por contrabando

Processo criminal aponta que dono do avião seria dono de fábrica de cigarros no Paraguai que eram trazidos para serem vendidos no Brasil

O avião monomotor da Piper Aircraft matrícula PT-JZC, que desapareceu com um servidor do Governo do Paraná a bordo, é de um homem condenado por descaminho, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro em 2003: João Cezar Passos. Segundo os autos do processo, João Passos era o líder da quadrilha que contrabandeava cigarros do Paraguai para o Brasil.

Segundo o Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB), a aeronave tem como operadora Camila Pires Salviato, sócia da Salviato e Ribeiro Ltda, uma empresa de comércio de conveniência com sede em Umuarama (PR) e Eldorado (MS). Nem a empresa, nem Camila têm contrato de aluguel de aeronaves com o Governo do Paraná.

O processo contra João Passos indica que junto com a quadrilha presa também foi apreendido um outro avião, um monomotor da Beech Aircraft. Confira a descrição da participação de Passos no crime de descaminho que consta nos autos do processo pelo qual foi condenado:

João Cezar Passos, vulgo JP é um dos líderes da organização criminosa, sendo sócio da fábrica de cigarros no Paraguai chamada SOUTH AMÉRICA TABACCOS através da qual produz os cigarros falsificados (marca e selo de IPI brasileiro), planejando e promovendo diretamente ou por terceiros o seu irregular ingresso no Brasil, distribuindo sua produção em território brasileiro aos adquirentes para posterior revenda aos consumidores finais. Por fim, aplicava os recursos financeiros provenientes dos lucros em variados tipos de ativos e bens em nome de terceiros, ocultando e dissimulando sua origem e propriedade criminosa, e remetendo ilegalmente tais recursos para o exterior, através dos países circunvizinhos, para ‘branqueamento’ dos mesmos.

Trecho do relatório da Des. Federal Maria de Fátima Freitas Labarrère em 2004

A bordo da aeronave que desapareceu na segunda-feira, 3 de julho estavam Felipe Furquim de Oliveira, Heitor Guilherme Genowei Junior e Jonas Borges Julião. Julião tem 37 anos e estava pilotando a aeronave.

Oliveira é funcionário comissionado do Governo do Paraná desde outubro de 2022, quando assumiu a Diretoria Geral da Secretaria de Estado de Turismo. Em janeiro de 2023 ele assumiu um novo cargo no Instituto Água e Terra. No mês seguinte foi transferido para a o gabinete da Casa Civil.

Já Heitor Guilherme Genowei Junior foi identificado pelo Governo como servidor do estado, mas não consta em nenhuma lista de funcionários. Ele seria do Viaje Paraná, um Serviço Social Autônomo ligado à Secretaria de Estado de Turismo. Outros Serviços Sociais Autônomos da estrutura do governo, como o Paraná Educação, publicam suas listas de funcionários no Portal de Transparência do governo do Estado.

Genowei também é sócio de três empresas, HEITOR GUILHERME GENOWEI JUNIOR LTDA e FH LOGISTICA E TRANSPORTE LTDA de transporte de cargas e Thunder Comércio de Petróleo. No nome de Genowei consta um inquérito criminal arquivado na Justiça Federal por uso de documento falso e crimes contra a fé pública.

O irmão e sócio dele, porém, Fabiano Guilherme da Silva Genowei, foi detido em 2021 em uma operação do GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) contra um esquema de pagamentos de propinas a policiais rodoviários estaduais “para permitir a passagem de veículos transportando mercadorias de origem estrangeira sem o devido pagamento de tributos (descaminho) e, em outros casos, para facilitação do tráfico de drogas”, segundo comunicado do Ministério Público do Paraná divulgado na época. 

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