Um plano para matar Bolsonaro: charges sobre o Brasil de 2019

Benett escreve sobre a decisão de nunca mais desenhar Bolsonaro e começa uma retrospectiva das charges dos últimos quatro anos

Durante um mês confabulei silenciosamente com minhas úlceras uma maneira de matar Bolsonaro. Nas madrugadas em que fiquei rabiscando as charges do Plural, elaborei arriscadas estratégias de invasão, complexos planos de fuga, redes de informações sigilosas, aliciei cúmplices, agentes infiltrados, escavei esconderijos, disfarces e álibis para meu propósito sanguinário.

Tentei pensar como Jimmy Burke. Raciocinar como Frank Morris. Elucubrar como o Cebolinha. Lee Harvey Oswald e Mark Chapman estavam em minha cabeça. Só faltava o momento certo para executar o plano.

Jair já era

Foi depois de um dos debates na TV. Ao ver aquela boca sem lábios e com dentes acinzentados desinformando e proferindo mentiras doentias, não aguentei. Vim até meu estúdio e, como dizem na máfia, it’s done. Bolsonaro está morto. Come grama pela raiz. Veste o paletó de madeira. Matei o Bolsonaro que habita as minhas charges!

Bolsonaro dorme com os peixes

Agora ele está sendo devorado pelos ácaros dos papéis sulfite usados para desenhá-lo. Nunca mais vou rabiscar uma calunga sequer usando o cidadão Jair Messias Bolsonaro como personagem. Não é só porque odeio o Bolsonaro, assim como odeio o Sarney, o Temer e outros políticos pusilânimes que já tive que desenhar.

A decisão de nunca mais desenhar o Bolsonaro tem a ver com o desprezo que sinto por ele em todos os aspectos. Como político, como líder, como ser humano, como comediante, como homem, como conservador, como cristão, como militar, como pai, como marido, como comedor de frango com farofa, como qualquer coisa que ele pretenda ser.

Quando você odeia um político, você desenha com a bile, tentando desconstruí-lo, humilhá-lo, ridicularizá-lo. Até consegue se divertir transformando-o em uma piada. Mas quando você despreza, sente engulhos e não tem vontade nem de olhar para a pessoa, o processo não funciona. E mesmo que funcionasse, eu não pretendo mais gastar outra folha de papel com ele. Vendo e ouvindo Bolsonaro diariamente, meu cérebro estufou, como a barriga de quem comeu um container de repolho.

As charges

Com o fim do ano e do governo Bolsonaro chegando, é momento de escolher as melhores charges do ano. Mas desta vez vou escolher as melhores charges dos quatro anos do bolsonarismo no poder. Essa primeira parte são charges desenhadas em 2019, primeiro ano do mandato do futuro ex-presidente. Nas próximas semanas, publicamos as melhores de 2020, 2021 e 2022. Todas elas saíram no Plural e na “Folha de S. Paulo”.

A seguir, confira 30 charges que marcaram 2019, no primeiro ano do desgoverno que agora acaba.

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P.S. – Sim, eu sei que o título desta página é um caça-cliques, mas pensei que seria divertido que lunáticos bolsonaristas encontrassem este texto e ficassem na dúvida se estou falando sério ou não.

Sobre o/a autor/a

6 comentários em “Um plano para matar Bolsonaro: charges sobre o Brasil de 2019”

  1. Matar, cortar em pedacinhos, salgar, expor ao sol por vários dias. Matar bem matadinho. Matar de um jeito requintado, de um jeito que só os poetas sabem fazer.
    Hoje, mandei o link dessas charges pra um amigo que mora no Nordeste. “_Nós temos Benett!”, escrevi todo prosa.

  2. Armando Petrelli Coelho

    Obrigado Benett pela sua lucidez….Cada charge sua sobre o ignóbil nos dava a certeza que um dia deixaríamos de ouvir e falar do maior genocida que circulou pelo país….vc faz parte dessa batalha!!!!

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