Slam do Muma alega que direção do museu está censurando o coletivo

Com atividades impedidas no Museu Municipal de Arte, organizadores do Slam pedem assinaturas em carta aberta direcionada à Fundação Cultural 

O Slam do Muma, comunidade de batalhas de poesia falada, acusa o Museu Municipal de Arte (MuMA) de censura pelo impedimento das atividades do coletivo na sede da instituição localizada no Portão Cultural (complexo que também abriga o Cine Guarani, o Auditório Antônio Carlos Kraide, e a Casa da Leitura Wilson Bueno). A recusa da autorização para os eventos, segundo os organizadores, representa “cerceamento à liberdade de expressão e tentativa de silenciar a voz de movimentos de arte de rua”. 

O produtor cultural Bernardo Jory, conhecido como Beduino, afirma que todas as exigências legais para a liberação do espaço foram seguidas. “Protocolamos o pedido de uso com 30 dias de antecedência, como pede a Procec, a plataforma da prefeitura. Enviamos a solicitação para o Urbanismo [secretária], que encaminhou para o Meio Ambiente, mas como não usamos microfone de som, não houve oposição. O Urbanismo é responsável por avaliar se o projeto irá obstruir a passagem de pedestres ou veículos e se há montagem de estruturas adicionais. No nosso caso, não obstruímos vias e nem usamos estrutura”, explica Jory. Ele também destaca que o número de participantes está de acordo com o permitido pela Guarda Municipal para a estrutura disponível. 

Contudo o pedido não foi aceito, o protocolo (Nº 01-041069/2024) foi indeferido com a alegação de que atrapalha as atividades do museu e de que um jovem, que participava do Slam no dia 24 de janeiro, foi espancado e encaminhado em coma para o hospital. O relato da agressão é atribuído à mãe da vítima, mas foi inserido no protocolo como argumento para a negativa pela coordenação do MuMA. Já o produtor afirma que, na data em questão, não houve batalhas de poesia do grupo no local, e que também não foi proposta qualquer alternativa ou sugestão de conciliação. 

Parecer registrado no protocolo do pedido do Slam do Muma.

Censura

Os organizadores e a comunidade do Slam classificam a postura da direção do museu como censura, pois é alegado que o espaço “não é apto para esse tipo de evento, sem base teórica”. A atitude pode indicar elitismo cultural da gestão da instituição, pois, segundo eles, todas as iniciativas com linguagens da arte de rua que tentam ocupar o MuMA são barradas. 

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Carta aberta

Em uma nova tentativa de conseguir liberação para realizar os encontros no museu que faz parte do Portão Cultural, agora o Slam do Muma está mobilizando a classe artística, representada por coletivos culturais, entidades e organizações, e pedindo a ajuda da comunidade curitibana. A ideia é colher assinaturas em uma carta aberta que será entregue à Fundação Cultural de Curitiba (FCC). O texto pede a intervenção da instituição para garantir o direito legítimo de uso do espaço público para as atividades do Slam, bem como de outras manifestações artísticas.

O texto completo da carta aberta pode ser lido neste link, e o formulário para a assinatura dos interessados está disponível aqui.

Resposta da Fundação Cultural de Curitiba 

A reportagem do Plural perguntou à da FCC qual o posicionamento da entidade diante do caso, considerando inclusive que 5 dos 10 encontros previstos no pedido de liberação pelo Slam do Muma foram aprovados em projeto de edital municipal com recursos da Lei Paulo Gustavo. A resposta da assessoria de imprensa da Fundação foi a seguinte: “Os projetos de SLAM aprovados em edital de projetos culturais terão a concordância da FCC para realização no espaço.”

A direção do MuMA também foi procurada separadamente, mas acompanhou a resposta anterior sem acrescentar mais informações, conforme orientação da Assessoria de Imprensa da FCC.

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