Pelo segundo ano consecutivo, moradores de Curitiba, Porto Alegre e São Paulo estão sendo assolados por uma enxurrada de anúncios no YouTube de uma companhia chinesa de dança, a “Shen Yun”, que promete um espetáculo que recupera “5.000 anos de história” da China e mostra como o país era “antes do comunismo”. O grupo se apresenta entre abril e maio no Brasil, com ingressos que chegam perto dos R$ 1.000.
Mas o que não fica claro nos anúncios e a maior parte dos espectadores não sabe é a curiosa origem do “Shen Yun”, uma companhia que hoje fatura cerca de R$ 100 milhões e que corre o mundo com seis grupos diferentes. Criada em 2006 nos Estados Unidos, a “Shen Yun” é mantida pela Falun Gong, um grupo de origem religiosa que se tornou altamente politizado e acabou vítima de uma dura perseguição pelo governo chinês.
Depois de um expurgo que incluiu prisões e espancamentos, a Falun Gong foi banida da China, e seus principais líderes se refugiaram nos Estados Unidos, onde passaram a se dedicar acima de tudo à propaganda contra o Partido Comunista Chinês. Originalmente ligada ao budismo e ao taoísmo, a Falun Gong tem entre seus líderes pessoas que defendem ideias bem pouco tolerantes.
Entre as declarações do fundador Li Hongzhi, há falas afirmando que pessoas de raças diferentes serão separadas no Paraíso, que a evolução é uma fraude, que a homossexualidade e a promiscuidade não são naturais, e que alienígenas estão tentando controlar os seres humanos – para isso, tentam nos tornar dependentes da ciência moderna.
Shen Yun
Relatos de revistas americanas como a New Yorker e a South Side Weekly dizem que os espetáculos têm cenas como um rosto gigante de Karl Marx que se transforma num tsunami avassalador. Num outro momento, um membro do Partido Comunista Chinês arranca órgãos internos de um membro da Falun Gong (o grupo alega que isso ocorreu realmente nas prisões, mas especialistas em China dizem que não é verdade).
A letra de uma das canções do repertório do grupo diz que “o ateísmo e a evolução são ideias mortais. As tendências modernas destroem aquilo que nos torna humanos”.
Uma curiosidade: as revistas americanas também falam de uma enxurrada de propaganda antes de cada temporada de apresentações do grupo, mas no caso dos EUA, normalmente são outdoors – e as campanhas seriam pagas não com o dinheiro dos ingressos, e sim com apoio de gente que acredita nos ideais da Falun Gong em cada cidade.
Para quem quiser mais informações (oficiais) sobre o grupo ou quiser ingressos, basta clicar aqui.
O pior é que o espetáculo não ta nem ai pra brasileiros. Em orlando os ingressos mais caros custam U$200, algo factível para la mas R$995 aqui fica puxado. O Esse show é a prova de que com dinheiro e influencia é sim possível fazer revisionismo histórico posada das ideia. Olha o relato que quem foi e vão ver que não passa de propaganda ideológica religiosa extraterrestre birruleibe. Quando dizendo que temos que ocupar todos os espaços saibam que a ideologia dominante ocupa. O melhor de tudo é ver bozolinos falando em censura e opressão num país com 33 milhoes de desempregados deixados pelo mito deles.
Se é contra o tal comunismo supressor da liberdade, ateu materialista e fomentador do ódio entre as pessoas, sou favorável.
de qual comunismo opressor voce ta falando exatamente?
Assisti hoje o espetáculo e me arrependo muito pelos seguintes pontos:
1. Ingresso muito caro e fui enganada pelas propagandas;
2. Não tem cenografia, usam apenas projeção o que faz ficar sem efeito de luz durante todo o espetáculo;
3. O espetáculo é todo fragmentado. Para cada dança eles fecham as cortinas e então aparece uma moça/ tradutor no palco para dar explicações sobre ou apenas falar…Isso quebra a imersão.
4. Muita propaganda da “religião/ política”.
5. Transições de palco péssima!
6. A soprano tem a voz maravilhosa, mas não devia ter lido a tradução da letra, pq só fala m****
Muito bom ver um relato de quem foi e não de quem quer ir. No final é isso, propaganda e ideologia dominante pura. Por mais que eles queiram ainda falta grana pra ter um espetáculo de maior qualidade fora os ingressos totalmente fora do padrão para o Brasil. Obrigado pelo seu relato.
Só vou no espetáculo, para ver rosto gigante de karl marx se transformar num tsunami avassalador, deve ser lindo. Fora comunistas…
Irei ao espetáculo atraído pela beleza, e não pela ideologia ou opiniões pessoais dos produtores. Quero ver beleza, porque de feiúra a arte está cheia.
falo o grande criador de arte ne? Se acha a arte brasileira tão ruim porque não mostra seus talentos ue?
Pensei o mesmo quando vi a chamada nas redes sociais. Obrigada pelos esclarecimentos.