Projeto de residência coloca artistas em contato com comunidade rural

Fazenda em Tijucas do Sul, na região metropolitana, está ocupada por 6 artistas visuais

A antiga casa e ateliê do artista Sergius Erdelyi, na cidade de Tijucas do Sul, está sendo ocupada por 6 artistas, de diversas áreas das artes visuais. O programa de residência artística, que acontece entre os dias 11 e 31 de agosto, é uma proposta inédita no Paraná, que procura estabelecer conexão entre arte e a comunidade local, formada em grande parte por pessoas que vivem na área rural.

O espaço, que hoje é conhecido por Sabiá Laranjeira e é gerido pela empresária Marília Dissenha, está quase intacto, como Sergius o deixou quando faleceu, em 2015. São dezenas de obras espalhadas pelo jardim, cômodos e espaços de convivência e também a arquitetura da casa em si, que carrega a identidade do artista em cada detalhe. “Nós preservamos quase tudo como era, para que o lugar não perca a identidade e para que a história do artista seja resguardada”, afirma Marília, que também é uma das idealizadoras do projeto cultural.

Além de ocupar os espaços da fazenda, uma das propostas é que haja envolvimento com a comunidade local. Para isso, artistas têm visitado propriedades locais de produção de orgânicos, artesãos e pessoas da cidade que de alguma maneira, fazem trabalho de preservação da história. Também, cerca de 20 oficinas ligadas à arte estão sendo oferecidas para crianças e adolescentes da rede pública de ensino de Tijucas do Sul.

Para Bruno Romã, idealizador do projeto Residência Sergius Erdelyi, o envolvimento com as pessoas da cidade é o diferencial. “Nós fizemos questão que arte, natureza e comunidade fossem envolvidas na criação dos artistas escolhidos”, conta. “Todas e todos que estão aqui, dialogam de alguma maneira com esse lugar, seja em forma de manifesto artístico, estética ou técnica”, conclui Romã.

Fotógrafo e artista Walter Thoms dá aula de fotografia para crianças da rede pública. Foto: Oruê Brasileiro

Artistas Selecionados

Os cinco artistas são Joana Lima, Maikel de Maia, Patrícia Jerônimo, Rafaela Pacheco, Ricardo Wera e Walter Thoms. Todos se inscreveram numa convocatória pública e passaram por um projeto de seleção.

Para Ricardo Wera, artista indígena da Ilha da Cotinga, na aldeia Takuaty, no litoral do Paraná, a residência artística é também uma oportunidade de adquirir conhecimento. “Eu vim para aprender e para mostrar minha arte. Tudo o que praticar aqui, eu levo de volta para meu povo, pra um aprendizado coletivo”, afirma.

Já para Joana Lima, de Curitiba, que trabalha com arte têxtil e tingimentos naturais, a oportunidade de estar inserida na natureza, fonte de seu trabalho, é o que a estimula na criação. “São trabalhos que coletam produtos naturais para um fazer artístico. Então estar aqui, em meio a natureza, foi o que me atraiu para essa residência”, afirma.

Sobre Sergius Erdely

Artista, inventor e empreendedor, Sergius Erdelyi deixou para Tijucas do Sul e para o mundo um legado que vai além do amplo acervo com pinturas, gravuras e obras tridimensionais. Conhecido como engenheiro e inventor, Sergius foi também escultor e pintor, trabalhando com telas, mosaicos, calcogravura, tapeçaria e vitrais. Este último produziu centenas, entre eles os vitrais da Igreja Matriz de Tijucas do Sul e da Biblioteca da PUCPR.

Nascido em Neusatz (parte do antigo Império Austro-Húngaro), ele chegou ao Brasil por volta de 1953, já formado em Engenharia Mecânica e com patentes de invenções como um aquecedor domiciliar e uma máquina de costura em seu currículo. No Brasil, trabalhou em multinacionais e se nomeava como “artista de fim de semana”, embora a produção fosse intensa, contando com mais de 4 mil obras catalogadas e com participação em exposições em Nova York, Áustria, na XII Bienal Internacional de São Paulo, no MON – Museu Oscar Niemayer, entre outras.

Erdelyi desembarcou em Tijucas do Sul por volta de 1974, onde iniciou também trabalhos sociais e ambientais. Filantropo, ajudou na construção de casas para diversas famílias; fundou a Creche São Francisco e o Lar da Criança; fez parcerias com a Associação Paranaense de Cultura-APC em estruturas arquitetônicas que construiu, realizando atendimento à comunidade com serviços gratuitos, de fisioterapia à veterinária, o que lhe valeu o Título de Cidadão Honorário de Tijucas do Sul em 1999; criou o Vivat Floresta – área de pesquisa florestal, ecológica e proteção da vida animal silvestre – e a Vivat Araucária – com plantio de 200 mil árvores –; e se envolveu também em causas contra o aquecimento global.

A Residência Sergius Erdelyi é um projeto realizado com apoio do Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura – Profice, da Secretaria de Estado da Comunicação Social e Cultura. Para saber mais, basta acessar o site residenciaerdelyi.com ou pelo email [email protected]

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1 comentário em “Projeto de residência coloca artistas em contato com comunidade rural”

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