B-Boy curitibano está de malas prontas para a final brasileira do Red Bull BC One 

B-Boy Dinamite está na final brasileira do campeonato considerado a "Copa do Mundo" do breaking, a modalidade vai entrar nos Jogos Olímpicos de 2024

Samuel Alves Vidal, conhecido como Dinamite, é o representante do Paraná entre os 16 B-Boys e 16 B-Girls que estão na final brasileira do Red Bull BC One, que acontece na capital de São Paulo, neste domingo (31). Ele ganhou as batalhas para garantir seu lugar entre os melhores dançarinos de breaking brasileiros na cypher que rolou em Curitiba, no início de julho. Agora está de malas prontas para encarar o combate por uma vaga no mundial do campeonato, em novembro na cidade de Nova Iorque (EUA). 

Dinamite nasceu em Curitiba, mas mora em São José dos Pinhais, no bairro Jardim Ipê. Foi por volta dos nove anos de idade que o apelido pegou e surgiram as primeiras cyphers (nome das rodas onde os B-Boys e B-Girls costumam dançar, que é também o nome das batalhas nos campeonatos). “Tive algumas pessoas que me levaram a conhecer isso,  só que a gente não tinha tanto conhecimento. Eu não sou da velha guarda, mas peguei um pouco dessa parte, que era o tempo da fita cassete”, diz ele.

Sobrevivente 

Logo entrou em projetos sociais, no antigo Centro da Juventude, atualmente Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), eram mais ou menos 40 participantes, entretanto ele é o único de São José dos Pinhais que “sobreviveu”. Esses projetos também foram fonte de renda, trabalhou dando aulas de dança em educandários, no presídio, em programas de assistência social, entre outros. 

Hoje, aos 30, o breaking está cada vez mais nos passos dele – que vai pela terceira vez para a etapa nacional do campeonato que é considerado uma espécie de “Copa do Mundo”. Sobre a importância do Red Bull BC One, explica: “Todo mundo quer assistir, é como se fosse sagrado.” Garantir lugar entre os top 16 do país já é um troféu e tanto, pois Dinamite caiu de moto e passou por uma cirurgia no ombro em 2017, quando estava no auge. A recuperação veio da vontade de dançar, levou apenas dois meses e meio para voltar a fazer todos os movimentos necessários a uma apresentação. “O médico até zombou de mim, ‘agora esse corpinho atleta vai ficar gordinho'”, relembra.

Vídeo da cypher realizada em Curitiba, no início de julho, cedido por B-Boy Dinamite. Foto de Bruno Terena/Red Bull Content Pool

O dom

Ele não deixa de acreditar que dançar é ter um dom, como o de cantar ou de grafitar – os três que ganham vida na cultura hip-hop. Mas se vê como alguém muito competitivo, técnico e focado, características vitais para quem encara os “rachas 1×1” em sistema mata-mata. “O pessoal fala que me transformo em uma pessoa que eu não sou. Geralmente é isso, crio essa personalidade para mim”, fala. Contudo, o caminho não é sempre sozinho, fazer parte das crews (grupos de B-Boys e B-Girls) é parte dessa cultura e Dinamite integra a Superstar B-Boys, pela qual também compete muito em equipe. 

Point em Curitiba

Dinamite ainda pode ser visto rodopiando no piso do Shopping Itália, um point que faz parte da história do hip-hop na cidade. Mas competidores de alto nível, como ele, já preferem dedicar um bom tempo aos centros de treinamento (CTs) – que são academias de dança geralmente. É lá que acontecem os treinos de acrobacias para “quebrar o movimento” dos adversários. Assim, garantem o fator surpresa. 

Batalha por patrocínio

Só que a ideia é não ser mais visto por aqui. As dificuldades da falta de patrocínio no Brasil fazem Dinamite sonhar com a ida para a Europa. Hoje, ele não pode se dedicar integralmente à dança, trabalha oito horas por dia e ainda treina mais três horas, no mínimo três vezes por semana. Nas outras noites, faz um pouco de preparo físico. Por isso, a Olimpíada não é a grande meta do B-Boy, ao menos por enquanto.

Jogos Olímpicos de 2024

O breaking é uma das novidades nos jogos em 2024, na França, para despertar o interesse dos jovens. Mas, existem várias barreiras para assistirmos a uma “explosão de Dinamite” como variação do “efeito Fadinha”, conquistado em 2021 pelo skate. 

Além da falta de patrocínio, a profissionalização e a organização são algumas delas. O breaking é por natureza informal e, agora, os atletas que desejam entrar nas seletivas para os Jogos Olímpicos precisam se filiar ao Conselho Nacional de Dança Desportiva (CNDD) e pagar uma taxa – pequena, porém que gera certo desconforto em quem vem da dança de rua. Tudo isso é novo para a maioria dos interessados.

Para Dinamite, a esperança está lá fora. O Red Bull BC One, a exemplo de outros campeonatos menos importantes, não pontua para as seletivas. Então, o melhor movimento seria sair do país para treinar e ter condições de representar o Brasil, como fazem tantos esportistas de outras categorias. Entretanto, mesmo que não carimbe seu passaporte para a França em 2024, ele torce pelos brasileiros. Sua aposta é o B-Boy Luan, de São Paulo. “Ele está batalhando para ir para as Olimpíadas, o ‘cara’ é merecedor porque está no ramo há bastante tempo”, diz.  

Final Nacional do Red Bull BC One

No domingo (31), às 19h, na Rua Luís Coelho, 323 – Consolação – em São Paulo. Transmissão ao vivo no canal do YouTube do evento.

Leia as últimas notícias de Dança e de Cultura em Curitiba no Plural.

Sobre o/a autor/a

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O Plural se reserva o direito de não publicar comentários de baixo calão, que agridam a honra das pessoas ou que não respeitem níveis mínimos de civilidade. Os comentários são moderados por pessoas e não são publicados imediatamente.

Rolar para cima