Alfaiataria reabre a sua biblioteca “Estopim”

Por causa da pandemia, solicitação de livros será on-line, e a retirada em estilo drive-thru

Os livros que compõem o acervo da biblioteca “Estopim”, abrigada pelas estantes da Alfaiataria, vão voltar a circular por Curitiba. Em meio à pandemia, o projeto de acervo coletivo ganha uma versão “em casa”, que permitirá aos interessados o empréstimo gratuito das obras disponibilizadas. Nessa primeira rodada da ação, será possível solicitar obras até quinta-feira (25). 

Os livros permanecerão um mês com os leitores, então só será possível solicitar um novo empréstimo daqui a 30 dias, no começo de agosto. A lógica é simples: depois de consultar o acervo, é preciso preencher um formulário de solicitação e fazer a retirada dos materiais no próximo sábado (27), das 15h às 17h. Para mais detalhes, é só acessar o site da Alfaiataria. Para garantir a segurança dos envolvidos, será organizado uma espécie de drive-thru no jardim do local. 

Inaugurada em novembro de 2019, a Alfaiataria é um espaço cultural e uma escola de arte que funciona na rua Riachuelo. Um local de encontros, shows, oficinas e outras formas de expressão artística, ela é gerida por três artistas: Luana Navarro, jornalista e professora, e artista desde 2008; Guilherme Jaccon, produtor cultural; e Janaina Matter, atriz e cofundadora da “Súbita Companhia de Teatro”. 

Guilherme Jaccon, Luana Navarro e Janaina Matter, idealizadores e gestores da Alfaiataria. Foto: Lidia Ueta

Nesse contexto, a Estopim é uma biblioteca de publicações independentes (livros, cartazes, e toda forma de material impresso que você possa imaginar – de postais até moedas e camisetas) que conta com 950 materiais de referência. Pelo menos 800 itens poderão ser emprestados na ação “em casa”.

“Pensamos que seria muito legal disponibilizar isso, porque são materiais que não estão nas livrarias”, diz Luana Navarro, responsável pelo acervo e uma das fundadoras do espaço. Além do arquivo documental, a curadoria do projeto conta com recortes de interesse. “Nos interessa muito o recorte LGBT. Essa é uma das categorias mais importantes da biblioteca”, afirma. América Latina e artes (poesia, teatro, narrativa visual) também são algumas das linhas de conteúdo que se destacam na biblioteca. 

Livros mais comuns de literatura também estarão disponíveis – o foco é o acesso gratuito à cultura. “Pra gente, não teria sentido ficar com esse monte de livro parado, mortos na estante, ainda mais nesse momento em que as pessoas precisam ter acesso à cultura de forma gratuita”, diz a artista.

A biblioteca é, na verdade, uma extensão da feira homônima que reúne escritores, artistas, publicadores; e nasceu da vontade de criar acesso a materiais que só acabavam sendo vistos em eventos. São zines, publicações de baixa tiragem, cartazes, livros sem ISBN que não são encontrados em outros espaços. Em 2020, a feira aconteceria em abril, mas acabou sendo cancelada por causa da pandemia. Os preparativos, no entanto, estão todos feitos: oficinas, convidados, estrutura, expositores, lançamentos, exposições – tudo esperando o momento de acontecer fisicamente. 

A trupe não considera fazer o evento em versão on-line por uma questão de formato e intenção. “Como fazer uma feira sem torná-la uma lojinha virtual?”, pergunta Navarro. 

A devolução dos materiais está marcada para o dia 1º de agosto, e funcionará, assim como a disponibilidade das obras no espaço da Alfaiataria, na base da confiança. “É um projeto coletivo, a Estopim, e só vai ter continuidade se as pessoas zelarem por esses materiais e entenderem que a ideia não é ter, mas compartilhar”, afirma. 

Jardim servirá como suporte para a ação, e passará a ser foco da trupe no espaço. Foto: Lidia Ueta

Com o espaço fechado desde 18 de março, o trio tem diminuído os gastos do lugar dentro do possível, e agora se prepara para lançar oficinas on-line a partir de agosto. Na inquietação de produzir e comunicar, a equipe da Alfaiataria também tem criado bastante conteúdo na internet, fazendo lives em suas redes sociais. “A gente não vai cair na loucura de abrir antes do tempo, entendemos que precisa existir uma responsabilidade nesse sentido”, diz Navarro. A artista destaca que a transposição das atividades, em particular de um lugar que nasceu da premissa do encontro, tem sido difícil em meio a um período incerto: “O mais importante sempre foi as pessoas estarem ali”, afirma. Em um ritmo mais lento, dando um passo de cada vez, o espaço deve investir agora na sua área externa, e buscar formas de continuar contribuindo – de forma segura – com a cultura da cidade. 

Serviço
Empréstimo gratuito do acervo da biblioteca Estopim
Quando: solicitações podem ser feita on-line até quinta-feira (25/6), com retirada no sábado (27/6).
Onde: no jardim da Alfaiataria (acesso pela rua Presidente Faria, 333)
Mais detalhes no site.

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