Após bombar na internet com seus pães polvilhados com glitter e uma comunicação bem-humorada em prol das causas da comunidade LGBTQIA+, O Pão Que o Viado Amassou inaugurou no fim de setembro uma loja física em Curitiba.
Localizada na Vila Getúlio, um complexo de salas comerciais na avenida Getúlio Vargas, nas Rebouças, a padaria vende pães e focaccias para levar, sanduíches e lanches para comer no local, além de drinks e doces como o célebre Cookie Brilha, decorado com glitter.
A ideia de abrir a loja surgiu num susto, segundo o padeiro e proprietário, Gabriel Castro, 35. Quando a marca ganhou visibilidade e alcançou públicos maiores, ele saiu da cozinha de casa e, para dar conta dos pedidos, alugou uma escola de panificação que estava fechada durante a pandemia.
Recentemente, porém, ele teve que devolver o espaço e procurar um novo. “Um ano e meio atrás não conseguiria imaginar que hoje estaríamos aqui, fazendo pão todos os dias dentro de uma sede própria. Que loucura”, diz o empresário.
A pandemia o obrigou a suspender seu trabalho de ator de teatro e DJ e a se reinventar. Fazer pães em casa nasceu quase como uma brincadeira, mas rapidamente se tornou uma profissão em tempo integral.
O cardápio conta com oito tipos de lanches clássicos, como pão com ovo, tosta com ovo e bacon, e milho brunch – pão de milho tostado, queijo e linguiça Blumenau -, entre outros. Já as minifocaccias são servidas em seis versões: desde a mais simples de alecrim e sal grosso à mais farta com calabresa, azeitona preta e cebola roxa.
Há também uma carta de cafés que são preparados pelo Tangerina Café, cafeteria localizada nos fundos do imóvel, e uma seleção de drinks como Bellini e Mimosa, além de gin tônica e Moscow Mule, em parceria com o Cosmos G/Astrobar.
Castro tem uma equipe de 12 pessoas – todas da comunidade LGBTQIA+ -, entre atendimento, cozinha, produção e comunicação. “Chamar pessoas da comunidade para ajudar a fazer a coisa acontecer é uma premissa do Pão. Não adiantaria ter um discurso de inclusão e visibilidade e na hora do gol tirar meu time da jogada”, afirma o empresário.
Como a casa funciona em soft opening, o cardápio ainda é provisório: novos sanduíches estão sendo lançados semanalmente e os preços estão em fase de ajuste.
“Queremos conseguir abraçar todos os públicos. Veganos, vegetarianos, onívoros, bichas, héteros, celibatários… Todes [sic] convivendo, dialogando e se entendendo para, quem sabe, em breve possamos fazer da cidade inteira também um lugar menos intolerante, mais inclusivo e sempre divertido”, garante Castro.
A padaria conta com um jardim com mesas e bancos para quem quiser consumir no local. O interior da loja é decorado com cartazes coloridos dedicados às conquistas da comunidade LGBTQIA+ ao longo das décadas e a ícones dessa cultura, como Village People e Judith Butler.
A padaria é o templo do pão, mas também de bom humor e irreverência como demonstra o altar em homenagem a Cher, cantora que Castro considera uma “toda poderosa” comparável a uma santa. Ao lado de um buquê de flores, a prece: “Que Cher abençoe. Vai quebrando toda a maldição e feitiçaria pelo nome e sangue de Cher”.
“Cher durante toda a sua vida foi uma voz da comunidade LGBTQIA+, principalmente quando representatividade pouco importava, pois sobreviver era a prioridade. Viveu como quis e enfrentou muitos. Encontrou obstáculos e os venceu. E sempre se manteve verdadeira a si mesma e lutando pelo que é certo. É pra glorificar de pé!”, diz Castro.
A artista nasceu em 20 de maio de 1946 e no mesmo dia, mas em 2020, foi lançado O Pão Que o Viado Amassou. “O calendário se divide entre AC e DC: Antes e Depois de Cher”, brinca Gabriel.
A padaria é também um dos dez empreendimentos gastronômicos onde encontrar e levar gratuitamente os contos do Plural. A trajetória de Castro foi também tema de um episódio do podcast Os Gastronautas, produzido pelo Plural.
Serviço
Avenida Presidente Getúlio Vargas, 937, Rebouças. Segunda a sábado, das 7h às 21h. Tem estacionamento interno. Instagram: @opaoqueoviadoamassou
Num mundo ideal não deveria haver discriminação mas infelizmente os heteros discriminam tornando muito dificil um gay ou travesti arranjar trabalhho então acho muito honrosa essa atitude de dar trabalho a LGBTs
Acredito que seres humanos, são seres humanos, sem distinção; qdo eu seleciono pessoas por suas preferências estou contribuindo a favor da descriminação. Não devemos selecionar pessoas por raça, cor ou gênero! E muito menos por suas preferências sexuais.
Vou adorar frequentar quando tiver no cardápio, opções sem glúten, sem açúcar e sem lactose
Excelente e criativa padaria! Adorei!
Quando for a Curitiba quero conhecer e experimentar essas delícias.
Sensacional… Que o negócio prospere muito que obrigue a abrir novas filiais muito em breve!