Conheça Louis Latour, vinícola centenária com mais vinhedos grands crus da Borgonha

Maison comandada pela 11ª geração da família se destaca pela tipicidade de seus brancos e tintos

Com mais de 200 anos de história, a trajetória da vinícola Louis Latour está intimamente associada à da Cote D’Or, na Borgonha, uma, senão a mais celebre região produtora de vinhos do mundo. Todo ano, a empresa despacha milhões de garrafas para o mercado exterior, inclusive ao Brasil. Apesar do preço dos vinhos ser inacessível para a maioria da população, seu consumo cresce anos após anos no Paraná, o que justificou na semana passada a primeira vinda a Curitiba de dois representantes da vinícola.

O diretor Bruno Peppin e o gerente de exportações Maxence Badre apresentaram dois tintos e dois brancos que acabam de chegar ao mercado nacional pela Inovini (em Curitiba pela Mise Em Place), em almoço harmonizado no Nomade, restaurante do hotel Nomade, comandado pelo chef Luan Honorato.

Os quatro vinhos icônicos foram os tintos Chassagne Monrachet 2019 (R$ 750) e Louis Latour Chateau Corton Grancey Grand Cru 2018 (R$ 1.800), e os brancos Chablis Premier Cru 2020 (R$ 590) e Louis Latour Corton Charlemagne Grand Cru 2018 (R$ 2.400).

Rótulos da Louis Latour disponíveis no Brasil. Foto: Andrea Torrente/Plural.

O que é um vinho Grand Cru

Produzindo 130 rótulos todo ano, a maison localizada no leste da França detém a maior extensão de vinhedos grands crus da Borgonha, elaborados de climat (parcelas de território) que se destacam pela qualidade de suas uvas. Grand cru é a denominação de origem controlada (AOC na sigla em francês) que define os melhores vinhos da Borgonha – apenas 1,3% do vinho produção obtém essa classificação.

Ao todo são 48 hectares de vinhedos, incluindo 28 hectares de grands crus, uma área inigualável até hoje, entre Chambertin ao norte e Chevalier-Montrachet ao sul.

Os brancos são elaborados apenas a partir de uvas Chardonnay, já para os tintos são usadas Pinot Noir e Gamay, todas castas icônicas da Borgonha e entre as pouquíssimas autorizadas para a vinificação na região. Sofisticados e elegântes são os adjetivos mais comumente usados para descrever os vinhos borgonheses.

“Entre Chabils, ao norte, e Beaune, ao sul, leva uma hora e meia de carro. A distância é curta, mas como solo e clima são diferentes, temos vinhos diferentes. Isso é o que séculos de história e conhecimento nos ensinaram”, afirma o gerente da Louis Latour, Maxence Badre.

Maxence Badre e Bruno Peppin, representantes da vinícola Louis Latour. Foto: Andrea Torrente/Plural.

Os melhores de cada safra viram vinhos de guarda com potencial para ser apreciados daqui a décadas. De alguns rótulos são produzidas apenas três ou quatro garrafa. É o que deve ocorrer também com as uvas da safra 2021 que, por causa das geadas, sofreu grandes quebras que, em alguns vinhedos, como em Corton-Charlemagne, o mais nobre, chegaram a 85%.

Nada de novo. Os efeitos das mudanças climáticas já são realidade há anos na produção vitivinifera, assim como em outros setores da agricultura. A sentir os reflexos é o bolso. “Nos últimos quatro a cinco anos, à exceção deste, tivemos invernos muito mites, o que faz florescer muito cedo a videira que fica exposta as geadas da primavera”, explica o diretor Bruno Peppin.

11 gerações da mesma família

É de apostar que a domaine supere também essa dificuldade, assim como vem ocorrendo por mais de 200 anos. O negócio demonstrou grande resiliência ao longo dos séculos, tendo passado por crises, guerras e filoxera, a praga que na segunda metade de 1800 dizimou os vinhedos na Europa e outras regiões do mundo.

Fundada em 1797, a empresa é comandada desde 1999 por Louis-Fabrice Latour, da 11ª geração da família fundadora, que se estabeleceu na região de Aloxe-Corton em 1731. A vinícola integra Les Hénokiens, o seleto grupo de empresas líder em seu segmento e sob comando da mesma família por mais de 200 anos.

Vinhedos da Louis Latour. Foto: Divulgação.

Durante o século 19, a Louis Latour adquiriu um perfil internacional, com exportações para o Reino Unido e outros países. Em 1834, a empresa reformou o histórico Château Corton Grancey para que se tornasse a primeira vinícola planejada da França e, hoje, a mais antiga em operação.

A empresa é também a única a ter tanoaria própria na Borgonha. São feitos cerca de 3.000 toneis de carvalho francês por ano, metade dos quais para produção própria e o restante para o mundo inteiro.

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1 comentário em “Conheça Louis Latour, vinícola centenária com mais vinhedos grands crus da Borgonha”

  1. Parabéns pela matéria, aprecio a França e a sua história, para mim foi uma agradável surpresa encontrar a reportagem com detalhes da história da produção de vinhos da mais antiga vinícola da Borgonha!

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