No dia a dia de hoje mais o ontem e o anteontem 

Curitiba já foi chamada de Cidade Sorriso, mas, com o passar do tempo, virou “a fria” e, hoje, parece abrigar as 4 estações do ano de uma só vez

Sem querer – até por não ser mais um dos abduzidos pelo celular -, há quem tenha visto breve cena de uma novela da Globo, na semana passada. É que, após bater o ponto num certo bar de Curitiba, no Juvevê, pagou a conta e tratou de tirar o time. Mas, ao passar por perto do televisor, com som meio alto, foi fisgado por um breve comentário de uma personagem, referindo-se, é claro, a algo previsto no roteiro: 

Coisa boa não deve ser… 

Ato seguinte, já a caminho de casa, sob um chuviscozinho irritante, tratou de viajar no tempo, lembrando palavras, frases e ditados que sumiram do mapa. Ou melhor, sumiram de conversas ou de textos. Coisas que circulavam quase todo santo dia, isso mesmo, quase todo santo dia. E, diante do tempo bem característico de Curitiba, com bruscas mudanças, por conta de sua localização, há quem a tenha batizado a capital de Curitiba, a fria – foi em 1960.  

O autor? Um pernambucano, Fernando Pessoa Ferreira, numa crônica publicada no Livro de Cabeceira do Homem, da então sensacional Editora Civilização Brasileira. O texto repercutiu bastante no chamado eixo São Paulo e Rio de Janeiro. Sobre a Editora, vale registrar também que, em forma de livro, havia a Revista Civilização Brasileira. Que ia muito além do nome revista. Basta ver o tremendo time que compunha o seu conselho de redação:  

– Alex Viany, Álvaro Lins, Antônio Houaiss, Cid Silveira, Dias Gomes, Edison Carneiro, Ferreira Gullar, Haiti Moussatché, M. Cavalcanti Proença, Moacyr Felix, Nelson Lins e Barros, Nelson Werneck Sodré, Octavio Ianni, Oswaldo Gusmão e Paulo Francis.  

Muito mais do que um time – uma baita seleção… 

E, sentindo falta do seu cigarro preferido, o Dunhill Carlton Azul, nosso caminhante continuou viajando tempo, ou nos velhos tempos:  

Chuva e Sol, casamento de espanhol

Sol e chuva, casamento de viúva

Novela de rádio agora na televisão? Não vai dar certo… 

Camarão que dorme, a onda leva.  

Cobra que não anda não engole sapo.  

Mais vale um pássaro na mão que dois voando… 

Gato escaldado tem medo de água fria.  

Quem com ferro fere com ferro será ferido

Um grama de exemplos vale mais que uma tonelada de conselhos

Mente vazia, oficina do diabo

Pense bem no que você vai fazer, e todos os seus planos darão certo

Me diga com quem tu andas que direi quem tu és

Se o vento soprar de uma única direção, a árvore crescerá inclinada

Nunca é tão fácil perder-se como quando se julga conhecer o caminho

Os sábios não dizem o que sabem – os tolos não sabem o que dizem

A persistência realiza o impossível

E, ao encerrar a caminhada, veio uma velha sentença: 

Chega de embromação… 

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