Depois de ler o Plural, como sempre, há quem, mantendo uma rotina semanal, tenha comprado um exemplar da Carta Capital, também de imprescindível leitura. Jornalismo de fato plural. E ficou meio nocauteado, muito embora tudo seja possível quando se trata da turma encastelada no poder em Brasília. É que também está em plena marcha o desmonte da Caixa Econômica Federal para uma posterior privatização. Criada no dia 12 de janeiro de 1861, isso mesmo, a CEF é alvo de mais uma das tenebrosas investidas do desgoverno federal, como comprova a revista.
E temos que, em um evento realizado com investidores na última semana, o presidente da Caixa e porta-voz do projeto de desmonte, Pedro Guimarães, “reforçou a intenção da venda de fatias de subsidiárias do banco público, especialmente a seguridade, cartões, gestão de recursos, loterias e banco digital”. Além de ser um banco, a Caixa é responsável pelo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), Programa de Integração Social (PIS), Seguro-Desemprego e por programas sociais de governos anteriores caso do Bolsa Família, FIES e o Programa Minha Casa Minha Vida.
Não à privatização
Ocupando toda a contracapa, a revista traz um apelo do MOVIMENTO EM DEFESA DA CAIXA PÚBLICA, DOS BANCÁRIOS E DO BRASIL. Isso mesmo, título em CAIXA ALTA. Trata-se da “mobilização de empregados e empregadas da Caixa Econômica (mais de 84 mil pessoas, em todos os cantos do país) diante da ameaça de privatização”.
– Empregados e empregadas são a força motriz que protege a Caixa e permite que ela alcance todos os cantos do país. São mais de 84 mil pessoas que seguem atuando para garantir a efetividade das políticas públicas de educação, saneamento, agricultura, moradia e sustentabilidade. Mas o banco público sob a ameaça de privatização precisa do apoio dos 211 milhões de brasileiros. Por isso, os bancários e bancárias da Caixa estão fazendo um chamamento público e pretendem envolver toda a sociedade para defender a Caixa Pública e reforçar a importância do banco para todos e todas. Junte-se ao movimento em defesa da Caixa! Caixa Social é Caixa Pública. Social é ser pública.
Quando o Tio Sam caiu do cavalo
E há quem tenha lembrado: de 1999 a 2003, os Estados Unidos bateram um recorde de estatizações – e, logo depois, reestatizações em 59 cidades. Em Atlanta, nos primeiros 4 anos de privatização do sistema de água, a metade dos trabalhadores perdeu o emprego e as tarifas continuaram a subir. Mas, pelo tratamento insuficiente, a água deixou de ser própria para consumo – mais um tremendo problema. Tanto que os moradores eram obrigados a ferver a dita cuja, porque ela saía das torneiras com cor alaranjada. Assim, em 2003, devido à má gestão, o sistema foi reestatizado.
PS: e terá o Brasil condições de voltar a ser o País do Futuro, aquele previsto por Stefan Zweig, que se baseou na riqueza proporcionada pela nossa extensão continental e demografia privilegiada? Afinal, temos (ou tínhamos) baixa densidade demográfica (25,06 habitantes por quilômetro quadrado), inferior à média do planeta e bem menor que a de países intensamente povoados, caso da Bélgica – 342 habitantes por quilômetro quadrado – e do Japão – 337 habitantes por quilômetro quadrado. Só o tempo, e se a gripezinha assim o permitir, poderá possibilitar uma resposta.