Sucessão na agricultura familiar é desafio para as novas gerações

78% das propriedades da região sul se enquadram na agricultura familiar

A agricultura familiar corresponde a 77% dos estabelecimentos agropecuários do Brasil, equivalente a cerca de 80 milhões de hectares. As atividades têm participação de 23% no valor de produção agropecuária, com ocupação de mais de 10 milhões de pessoas, de acordo com último Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na região Sul, que compreende os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, a agricultura familiar corresponde a 78% das propriedades, equivalentes a 17% do total de propriedades do país. Em um setor tão relevante da economia, a manutenção dos negócios familiares pelas novas gerações é um desafio.

No Paraná, são cerca de 300 mil pequenas propriedades, conforme dados da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares do Estado do Paraná (Fetaep), e aproximadamente 40% não têm perspectiva de sucessão nos negócios. Na região noroeste do Rio Grande do Sul, uma parcela significativa das propriedades se enquadra na agricultura familiar e trabalha com produção diversificada, que compreende atividades agrícolas, com produção de grãos e pecuária, com produção de carne, leite e ovos. Em alguns casos, é possível encontrar grandes expectativas para o futuro das atividades familiares. A sucessão pode ser motivo de conflitos familiares, por isso, o início do planejamento e do debate no núcleo familiar são essenciais para o êxito da sucessão.

Em Ijuí, Mariele Cezimbra decidiu retornar ao campo após a formação em Agronomia, para dar seguimento às atividades da família. “Nossa família atua na lavoura e na pecuária há mais de 40 de anos, começou com meu vô, passou pro pai e agora eu vou dar continuidade”, conta. De acordo com a jovem, o processo de transição está sendo planejado há algum tempo e acontece aos poucos, conforme os pais abrem espaço para que ela desempenhe mais atividades da rotina da propriedade.
No mesmo município, Jaqueline Ceretta, formada em Química, retornou para a propriedade dos pais com o objetivo de auxiliar na gestão e expandir os negócios da família que trabalha com bovinocultura de leite. “Eu fui tomando conta de algumas coisas mais burocráticas, administrativas e que envolveram a tecnologia”, diz Jaqueline.

Com avanço tecnológico atingindo cada vez mais cadeias do setor, o campo exige pessoas preparadas para os mais diversos processos e, por isso, o estudo e a atualização já fazem parte da rotina dos jovens do campo. O extensionista da Emater-RS, Edevin Bernich, destaca a importância de uma formação cada vez mais dinâmica. “Os jovens têm que entender de economia, política e de todos os processos da atividade que realizam”, destaca. O desafio de incentivar a permanência das novas gerações no campo leva em conta a necessidade de gerar oportunidades de desenvolvimento pessoal, profissional e econômico.

Orientadora: Karine Moura Vieira

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