O Brasil se encontra em Cerejeiras

Situada às margens do Rio Guaporé, na fronteira entre Brasil e Bolívia, município de Rondônia é exemplo de diversidade cultural

Composta pela reunião de diferentes culturas, a jovem cidade de Cerejeiras, no interior de Rondônia, na Região Norte do país, fez da diversidade a sua singularidade. Localizada próxima à fronteira entre o Brasil e a Bolívia, no coração da Amazônia, pelas casas e ruas da cidade circulam histórias de famílias indígenas da tribo guarani-kaiowá, mineiras, goianas e também paranaenses, que ajudaram a escrever a história do município de quase 16 mil habitantes.

O município foi criado em 5 de agosto de 1983, mas a história da região de Cerejeiras, segundo registros da Câmara Municipal, teve início no século XVIII, com um acampamento fundado às margens do Rio Guaporé. O acampamento passou a ser um ponto de apoio à navegação. O vilarejo ficou estagnado à margem da civilização durante quase dois séculos. A partir da segunda metade do século XX, depois da Segunda Guerra Mundial, iniciou-se o extrativismo da borracha na região. Em busca de emprego, muitas famílias de diversos estados começaram a migrar para o local.

A paranaense Priscila Schnobli faz parte de uma nova geração de migrantes da Região Sul do Brasil que começaram a povoar a cidade ainda na década de 1980, muitos movidos pela possibilidade de iniciar uma nova vida com o trabalho rural na região. Atualmente a economia da cidade destaca-se pela forte presença do agronegócio. Ela se mudou para Cerejeiras em 2007, acompanhando o marido, que é produtor rural. Ela conta que mantém a tradição de tomar chimarrão ou tereré – em função do clima quente e úmido – e fazer e comer cuca, famoso pão doce no Paraná. “E aos domingos, o churrasco e a maionese não podem faltar”, ressalta.

Nascido em Capanema, no Paraná, o empresário Cleiton Rodrigo da Costa Leite tem a idade da cidade. Ele veio ainda bebê com os pais, que também buscavam novas oportunidade de trabalho e viu a cidade se transformar. “Cerejeiras foi colonizada por uma mistura de povos, alemães, italianos, nordestinos, os nossos povos indígenas, e todos trouxeram uma riqueza na sua culinária”.

É possível perceber as contribuições de cada cultura nos eventos locais, como a feira municipal. Os mineiros marcam presença com o tradicional pão de queijo, a pamonha, doces e, também, pelo sotaque e as expressões, como o famoso “trem”, já incorporado pela população cerejeirense. Outro item muito presente na culinária local é o pequi, contribuição dos migrantes do Centro-Peste, assim como ingredientes e pratos típicos do Nordeste, como a tapioca, cuscuz e baião de dois.

“A população convive pacificamente com as diferenças”, diz a professora de Sociologia Adélia Alves Santana, que destaca o valor da promoção cultural. “Os eventos culturais contribuem positivamente na questão do respeito para com os outros e para o enriquecimento da cultura na cidade”.

A estudante Nayara dos Santos Silva tem parte da família originária da tribo guarani-kaiowá. “Os meus bisavós por parte de mãe vieram para Cerejeiras em 1988 em busca de emprego. A cidade ainda era muito pequena, havia poucas casas e o local era repleto de fazendas”. A família faz questão de manter suas tradições. Para Nayara “é uma honra trazer o sangue indígena”.

Orientadora: Karine Vieira

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