Os recentes ataques e ameaças em escolas brasileiras têm preocupado pais, alunos e professores. Um dos alvos dos debates é o acesso de adolescente e jovens a armas. O Dia Internacional do Desarmamento Infantil, comemorado em 15 de abril, lembra a importância de agir de forma preventiva.
Escolas, centros e institutos de educação e outras instituições brasileiras estão promovendo uma série de ações. Medidas de segurança e palestras são realizadas para conscientizar as pessoas sobre os riscos aos quais as crianças estão expostas.
Em Curitiba, várias escolas estão adotando medidas de segurança em resposta à preocupação de pais e professores. Uma escola de ensino infantil, fundamental e médio, por exemplo, reforçou a segurança com treinamento em caso de invasão, manutenção de entradas fechadas após a chegada dos alunos, acompanhamento individual para saídas e palestras de conscientização e prevenção para pais.
Um grupo educacional que atua na cidade, por exemplo, realizou a live “Tempo de vigília, serenidade e acolhimento”, com psicólogos e pedagogos. A conversa propôs orientar escolas e famílias sobre como se comportar “diante da onda de ameaças”. Uma das convidadas, a psicóloga Kassiana Pozzatti, reforçou a necessidade dos familiares compreenderem a parte emocional dos filhos. “É hora de resgatar o momento de qualidade com os filhos, de resgatar o diálogo”, diz.
Uma estudante do nono ano de uma escola da cidade de Venâncio Aires, no Rio Grande do Sul, conta o que sentiu quando viu um colega de sala com uma arma na mochila. “Foi uma sensação muito estranha, muito ruim. Parecia que eu não estava segura. Parecia que eu não estava protegida naquele lugar. Foi algo horrível e eu me senti muito indefesa sem ter como me proteger”.
Uma educadora que prefere não se identificar, relata um caso ocorrido no ano passado em uma escola onde atua. Um aluno do sexto ano atacou um colega com um tipo de garfo. “Ele segurou aquilo como se fosse uma soqueira e acabou arranhando um colega. Nós, como educadores, tiramos dele, chamamos a família, e como ele já tinha outros antecedentes de agredir colegas, então convidamos ele a procurar outra escola e, de fato, a família está morando em outra cidade, atualmente”, explica.
Motivação
Diferentes fatores podem motivar crianças e adolescentes a levar armas para a escola, segundo a psicóloga Joana Puglia. O problema não é novo e é resultado de insatisfações, comportamentos disruptivos e bullying. Mas ela destaca também questões novas que podem influenciar o comportamento agressivo. “Nós vivemos um momento de muitos discursos de ódio e a criança reproduz isso”.
Dentre os maus exemplos estão as campanhas por liberação de armas e manifestos violentos, como o que ocorreu em Brasília, no dia 8 de janeiro. “Estamos dizendo às crianças que sim, que é permitido (violência). Estamos validando essa agressão e essa violência”, conclui.
Orientação: Guilherme Carvalho (professor)
Sobre o/a autor/a
Camila Sehn
Estudante do Curso de Jornalismo da Uninter e participante do projeto de extensão de radiojornalismo Uninter Informa.