Fãs ansiosos torcem por show de Maria Bethânia em Curitiba

Maria Bethânia. (Foto: Camila Alcântara/Divulgação)
Apaixonados pela artista estão há cerca de sete anos esperando pela volta dela aos palcos curitibanos e confessam suas saudades

Para a alegria dos fãs de diferentes gêneros musicais, Curitiba tem entrado na agenda de turnês imperdíveis. Com isso, vai aumentando a lista de apostas sobre os grandes nomes da música que devem ter a presença confirmada nos palcos da cidade. Para além dos rumores sobre popstars internacionais, tem uma torcida grande esperando há muito tempo por uma das maiores divas da música popular brasileira (MPB). É de Maria Bethânia que estamos falando.

Hoje, há um boato. Não é nada certo, mas pode ser verdade. O rumor fala sobre Maria Bethânia ter ficado tão indignada com o fato de Curitiba ser o berço da Lava Jato que decidiu riscar a cidade de sua lista. E assim ela não faz mais nenhum show aqui.

Apesar disso, não são poucos os fãs de Maria Bethânia em Curitiba. E eles sentem saudades da cantora.

Dois integrantes desse grupo são o advogado Erick Alves Mendes das Almas e o produtor cultural e assistente de direção de arte André Gosmma.

Mendes das Almas tem 36 anos e, na bagagem, mais de dez shows da artista. De 2007 para cá, ele foi a um por ano, todos os anos, à exceção do intervalo imposto pela pandemia da covid-19. “É necessário para mim”, diz ele ao contar o nome de cada turnê em que pôde estar na plateia, “Dentro do Mar Tem Rio”, ” Maria Bethânia e Omara Portuondo”, “Carta de Amor”, “Maria Bethânia canta Chico Buarque”, “Abraçar e Agradecer”, “Fevereiros”, “Bethânia e as Palavras”, “Claros Breus” (faltaram uns dois na lista, mas saber esses de cor já comprova a situação de fã de carteirinha).

Maria Bethânia

Hoje, o advogado divide seu tempo entre Paranaguá e Curitiba. Mas fronteiras é algo que paixão não tem, foi isso que impediu a saudade de ficar ainda maior. Ele já foi ver apresentações da cantora, compositora e poeta em São Paulo, por quatro anos seguidos, de 2018 a 2022, e ainda embarcou para Porto Alegre neste ano, rumo a mais um show de Bethânia. 

Ele esteve, é claro, no último espetáculo aberto ao público aqui na cidade, o comemorativo dos 50 anos de carreira dessa grande estrela da MPB, “Abraçar e agradecer”, em 2015. Quando ele conta sobre a última vez que Maria Bethânia subiu ao palco por aqui, em uma apresentação fechada na abertura do Festival de Teatro de Curitiba, em 2016, dá para notar a mágoa guardada. “Eu não fui ao show fechado, não fui convidado.” 

Pode ter sido para apagar esse sentimento que ele cometeu uma de suas loucuras de fã. Loucura porque pouca gente teria coragem de ligar na casa da produtora de Bethânia para tentar um encontro com a cantora; um número ainda bem menor ligaria também na casa da Gal – sim, da Gal Costa – com o mesmo intuito. “Óbvio que não deu certo”, diz o advogado com um certo orgulho pela façanha. Imagine se ele tivesse conseguido sucesso na empreitada, corria o risco do coração nem aguentar. 

A longa quilometragem de Mendes das Almas atrás de Bethânia poderia matar de inveja André Gosmma. Mas não, pois ele é um cara de sorte. No show fechado na abertura do Festival de Teatro, o produtor cultural foi um dos convidados que pôde assistir à apresentação de “Bethânia e as Palavras”, com a artista cantando seu repertório e declamando poemas, em Curitiba. “Foi muito ‘foda’, esse show me atravessou de várias maneiras”, diz ele sobre a emoção de estar naquela plateia.

Leia mais: Cinco décadas de carreira e uma vida dedicada ao universo musical

Em Curitiba

Gosmma começou a ouvir Maria Bethânia mais ou menos aos 17 anos, quando chegava ao fim a adolescência, fase em que só curtia rock, não havia espaço para a MPB. Porém, tudo mudou. O amor veio para ficar quando conheceu o álbum “Drama, Anjo Exterminado”, de 1972. “Fiquei muito curioso com o título e depois de ouvir pela primeira vez, nunca mais parei”, diz. A música preferida entre tantas que o conquistaram é “Negror dos Tempos” (interpretada por Bethânia e composta por seu irmão, Caetano Veloso), que está no mesmo disco que foi o começo de tudo. “A canção vai crescendo inacreditavelmente; é linda e teatral”, fala ele. 

Quem não sabe dizer ao certo porque a admiração nasceu é Mendes das Almas. Sempre, desde pequeno, ele ouviu muita MPB por influência dos pais, e Bethânia não podia faltar nas playlists. Com o tempo, a vontade de ouvir a voz de Bethânia só aumentou. 

Apesar da relutância inicial, o advogado confessa o momento em que virou um grande fã. Por volta de 2004, descobriu o álbum “Nossos Momentos” (nome que saiu de uma das faixa compostas por Caetano), gravado pela artista em 1982, com as músicas “Mora na Filosofia” (de Monsueto com Arnaldo Passos); “Pra Você Gostar de Mim”, mais conhecida como “Taí” (de Joubert de Carvalho); entre outras, além de uma declamação do “Soneto da Infidelidade”, de Vinicius de Moraes. “Eu tinha uma paixãozinha naquela época, e o medley caía como uma luva no que estava sentindo”, diz Mendes das Almas.

Não parou por aí. Ele logo conheceu o disco “Brasileirinho”, e o encanto veio com identificação, pois tem raízes na Umbanda, sua avó é mãe de santo em Paranaguá: “Tudo o que Bethânia cantava naquele álbum se conectava com o que eu conhecia da vida”.

Queremos Bethânia

Sobre o boato de Maria Bethânia ignorar Curitiba por causa da Lava Jato, Mendes das Almas não aposta todas as suas fichas nisso. Apesar de já ter ouvido comentários sobre o assunto, ele lembra que a artista já declarou algo como Curitiba ser uma cidade de boa cultura. Para o advogado, a volta da artista seria simbólica, um certificado de que a capital do Paraná volta também a ser “mais cultura” do que ódio e rancor. 

Já Gosmma acredita que o boato faz muito sentido. Ele ficou sabendo da história há pouco tempo, pela boca de uma amiga. “Isso é a cara da Bethânia”, diz o produtor.

Para deixar as fofocas de lado, é melhor pensar sobre algo em que todos concordam. Não há qualquer dúvida: a saudade que os fãs de Curitiba sentem está cada vez maior. Eles querem Bethânia.

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