Vereador bolsonarista nega trabalho escravo e diz que erro foi contratar nordestinos

Sandro Fantinel. Foto: Bianca Prezzi/Câmara de Caxias
Declaração ocorreu após 207 trabalhadores serem libertados de situação análoga à escravidão. Maioria vinha da Bahia

Um vereador de Caxias do Sul usou a tribuna para dizer que o caso de trabalho análogo à escravidão descoberto na região de Bento Gonçalves é uma prova de que os gaúchos não devem mais contratar nordestinos. Segundo ele, ao invés de usar mão de obra vinda “lá de cima”, seria melhor contratar argentinos, que são “limpos” e agradecem pelo dinheiro recebido.

Para Sandro Fantinel (Patriota), que foi coordenador da campanha de Jair Bolsonaro (PL) na região da Serra Gaúcha, os agricultores gaúchos deviam ter o episódio como lição, para não darem trabalho “àquele pessoal acostumado com carnaval e festa” porque senão “vão se incomodar novamente”. O vereador afirmou que os baianos só têm cultura de “tocar tambor na praia”. “É claro que ia dar esse tipo de problema”, afirmou.

Fantinel com Bolsonaro. Imagem: Reprodução/Facebook

A maior parte dos 207 trabalhadores em situação análoga à escravidão descobertos pela fiscalização em uma fazenda prestadora de serviços das vinícolas vinha da Bahia, segundo se sabe. Teriam ido ao Rio Grande do Sul com promessa de salário de R$ 3 mil, mas na realidade ficavam em alojamentos sujos, tendo direito apenas a comida estragada e sendo forçados a jornadas de 15 horas por dia, praticamente sem pausas. Há relatos de uso de sprays de pimenta e choques elétricos.

Fantinel não foi o único a colocar a culpa nos trabalhadores. O Centro de Comércio, Indústria e Serviços da região de Bento Gonçalves emitiu nota de esclarecimento afirmando que a situação deriva da falta de mão de obra, já que os trabalhadores preferem ser beneficiados por políticas assistencialistas ao invés de aceitar empregos.

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