Veneri chama deputado defensor da ditadura de covarde e caso quase acaba em briga

Ricardo Arruda disse que quem foi torturado na ditadura mereceu o que teve

É raro, mas acontece. A fala absurda do deputado Missionário Ricardo Arruda (PSC) na tribuna da Assembleia Legislativa em defesa da ditadura militar não só foi respondida como foi respondida à altura. Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia, o deputado Tadeu Veneri (PT) afirmou com todas as letras que o discurso era indício de covardia. O caso quase acabou em briga, e a turma do deixa disso teve que separar os dois.

Tudo começou com um discurso do deputado Goura (PDT), que fez uma menção à ditadura de 1964. Arruda, um bolsonarista que usa o discurso de ódio sempre que tem oportunidade, subiu à tribuna para elogiar o regime militar. Falou o que seu público gosta de ouvir: que nunca existiu ditadura no Brasil, que o que houve por aqui foi um governo dos militares a pedido do povo. Que se vivia muito bem no Brasil e que o governo dos generais foi muito bom.

O que irritou Veneri foi quando Arruda comentou sobre os casos de tortura registrados na época. “Quem foi torturado é porque mereceu ser torturado”, disse ele, num discurso não só reproduzido pela tevê como também ouvido por jovens que tinham ido visitar a Assembleia em um passeio escolar.

Veneri, em geral um sujeito cordato, fez um dos discursos mais fortes de seu mandato. “O deputado que diz que não houve tortura devia ser torturado pra saber o que é tortura”, disse ele da tribuna. “É uma vergonha o que o senhor fala na tribuna. O senhor nunca teve coragem de enfrentar a ditadura”, afirmou Veneri.

O petista disse que “para quem fica só encostadinho no canto é cômodo falar”. E deu a entender que embora instigue seus seguidores a apoiarem a tortura, e quem sabe até a praticar atos de violência, o bolsonarista prefere não sujar as mãos. “O senhor torturaria alguém? Encostaria um revólver na cabeça e daria um tiro mesmo com a pessoa estando algemada? Tiraria uma pessoa de casa e levaria com um capuz para uma chácara para espancar? Porque é isso que o senhor está pregando”, disse Veneri.

Num gesto bem pouco usual, Veneri chegou a usar uma colega de plenário como exemplo. Apontando para Mabel Canto (PSDB), perguntou se o deputado pregava que mulheres como ela, caso não fizessem parte da base do governo militar ou ditatorial de plantão, mereciam ser estupradas ou espancadas.

Quando Veneri encerrou o discurso, Arruda tentou responder o petista em uma questão de ordem. Começou a vociferar sobre a esquerda armada mas teve o microfone cortado por ordem do presidente da Assembleia, Ademar Traiano (PSD), que lembrou que aquilo não era questão de ordem, e sim debate. “Se o senhor quiser, usa de novo a tribuna amanhã.”

Nesse momento, Veneri já tinha descido da tribuna e os dois começaram a gritar um com o outro, a apontar dedos e a se aproximarem. Os deputados do grupo de oposição seguraram Veneri enquanto Traiano pedia que Arruda se contivesse.

Para quem quiser acompanhar, é possível ver o discurso de Veneri e a confusão toda a partir de 1h43 no YouTube da Assembleia.

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