O inferno dessa tal de democracia é isso. O governante bola um plano que vai lhe dar votos, vai dar discurso, vai pegar bem na tevê. Claro, vai ser ruim para a meninada, que vai ter as escolas dominadas por ex-policiais militares que não entendem patavinas de educação, mas quem liga? Só que aí vem esses estudantes e os pais, sem falar nos enxeridos dos professores e decidem votar contra. Um absurdo.
Ratinho botou o que pôde na campanha pela militarização. Prometeu mais refeições por dia, uniformes gratuitos, deu entrevistas, colocou a imprensa toda do Paraná (ou quase toda) para falar bem da milicada. No dia da consulta, ainda apareceram uns panfletos marotos falando que os pais deviam votar no cívico-militar para evitar a erotização de suas crianças. Apócrifos, sabe como é… Mas quem mesmo tinha interesse nisso?
A ideia de comprar a gurizada pelo estômago e os pais pelo terrorismo, porém, esbarrou naquele mesmo obstáculo de sempre. O diabo da democracia. A estudantada de 15 colégios de Curitiba deu uma banana para o governador e disse um sonoro não para a volta dos tempos em que os milicos mandavam em tudo.
Se fosse um desenho animado, o processo da consulta pela militarização certamente seria um episódio de Scooby Doo. No final da história, amarrado, Ratinho teria seu rosto revelado debaixo da máscara de uma tia do zap. E exclamaria enfurecido: “Se não fosse por esses moleques abelhudos meu plano teria dado certo”.