Há duas explicações plausíveis para que o Paraná passe o ano inteiro de 2022 sem pedágios nas estradas – e infelizmente estamos acostumados a pensar nas duas como coisas prováveis. A primeira é a incompetência do governo. Ratinho Jr. (PSD) assumiu em 2019 e desde sempre soube que o contrato acabava em 2021. Na verdade, quando o atual governador chegou à maioridade, em 1999, já se sabia dessa data.
Se não fez o novo contrato foi porque não soube fazer. Ou por que não quis. E aí entra a segunda hipótese: o engodo eleitoral. Bem no ano em que precisa de votos para se reeleger, Ratinho conseguiu um pequeno milagre – cancelas abertas para que carros, caminhões e motos passem de graça, sem lembrar do incômodo de colocar a mão no bolso. E claro que deve ter muita gente acreditando se tratar de uma bondade do governador.
A tese da incompetência exigiria um certo desvio da lógica. Afinal, o governador nem tentou fazer o edital. Seria o caso se tivessem feito um programa malfeito, barrado pelo Tribunal de Contas ou embargado na Justiça. Mas não, nem se mexeram da cadeira. O que existe por trás dessa loucura é, na verdade, método. E depois de consumada a eleição, claro, vem a conta.
Nesta semana, a ANTT já anunciou que o primeiro contrato deve ser assinado bem no comecinho de 2023, assim que Ratinho, caso reeleito, tomar posse pela segunda vez. Agora você tem direito a um palpite sobre o que vai acontecer. Depois de reeleito, o governador vai ter incentivo de fazer um precinho mais camarada para o usuário? Pois a tarifa já está subindo antes de o contrato começar…
Se os contratos fossem finalizados agora, a coisa seria mais transparente. O governador perderia o discurso de que vai baratear, a oposição poderia mostrar a realidade. A imprensa poderia cobrar. Essas coisas chatas de que nenhum governante gosta. Então caiu do céu essa história de que está demorando um pouquinho mais do que o imaginado. E deixem a cancela levantada, por favor, que a caravana da reeleição quer passar de graça.