Ratinho aposta todas as fichas em Bolsonaro e promove “dia sem prefeitos” no Paraná

Governador paralisará dia de trabalho de 300 prefeitos para fazer ato eleitoral nesta quinta

O governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD) decidiu apostar todas as suas fichas em Jair Bolsonaro (PL). Nesta quinta-feira (20), promete reunir em Curitiba, durante um dia de trabalho, mais de 300 prefeitos do estado. Tem insistido diariamente para que os deputados estaduais de sua base façam campanha pelo presidente. E sabe-se lá o tipo de conversa que os funcionários comissionados devem ouvir – nesta semana, flagraram até adesivaço pró-Bolsonaro no pátio do Palácio Iguaçu.

Ratinho tem certa afinidade ideológica com Bolsonaro, claro. Os dois estão na direita, digamos, menos sofisticada. Aquela que acredita em “doutrinação” nas escolas, usa expressões pouco científicas como “ideologia de gênero” e vê comunistas debaixo da cama. E embora Ratinho tenha sido da base do governo petista enquanto foi conveniente, não é de admirar que esteja agora do outro lado.

Porém, há mais do que amor nessa história. Político nenhum paralisa por amor 300 prefeituras de seu estado. Se Bolsonaro não tivesse chances, o governador simplesmente lhe daria de ombros. (Há um ditado importante: um político vai até a beira da cova com o outro, mas não entra nela.) Há cálculo nessa loucura, e o cálculo parece ser 2026.

Se Bolsonaro ganhar, não pode se reeleger (quer dizer, isso se continuar havendo democracia por estas bandas). E aí é provável que o bolsonarismo procure entre aqueles que foram mais fiéis ao atual presidente os nomes para a chapa de 2026. Que tal um governador jovem que se empenhou a ponto de parecer exagerado na reeleição? Alguém cujo pai já recebeu grana para falar bem da reforma da previdência? Alguém que se reelegeu com o pé nas costas num estado famoso pelo agro?

As chances podem ser remotas, até porque, antes de mais nada, Ratinho precisaria desesperadamente da reeleição de Jair. Caso contrário, o próprio presidente seria o candidato óbvio daqui a quatro anos. E depois… Bom, depois seria preciso ganhar de 100 outros governadores, senadores, deputados e ministros que tiveram a mesma ideia de se aproximar do bolsonarismo com vistas à próxima eleição.

A única certeza é: o Paraná terá um dia sem prefeitos só para agradar o presidente. E depois vêm dizer que querem fazer bom uso do seu imposto…

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