Dois anos depois, prefeitura continua ignorando pedido de manutenção em pracinha

Crianças do Portão seguem convivendo com mato alto e brinquedos quebrados, enquanto no Batel tudo brilha de tão bem cuidado

Uma das diversões possíveis para quem tem crianças numa pandemia é ir à pracinha mais próxima. Eu, que tenho três crianças cheias de energia, peguei o costume de ir com os meus em todo tipo de praça – sempre com máscara e de preferência nos horários em que tudo ficava mais vazio. Era um momento para eles correrem, brincarem e não ficarem presos a um sobrado que mal tem área externa.

Nesses dois anos de pandemia de Covid, conhecemos todas as praças perto de casa, e mais umas bem longe, mas que tinham brinquedos mais legais. E esse é um começo de conversa: enquanto aqui no Portão as praças têm brinquedos quebrados, pouca opção e muitas vezes a grama vira mato, na Praça Espanha falta ter um garçom de fraque servindo a galera – a grama parece encerada e tudo brilha de tão novo. Mas, claro, ali é Batel. O pessoal que mora mais longe não merece, né?

Enfim, um dia, meu filho mais velho e eu, cansados de ver o mato alto, o lixo espalhado e os brinquedos quebrados, resolvemos fazer alguma coisa. Principalmente depois que entramos numa parte mais escondidinha da praça e descobrimos coisas que, olha, pareciam indicar uma atividade noturna pouco familiar na região.

Tentando mostrar a meu menino as maravilhas de vivermos numa sociedade democrática, em que os cidadãos têm voz e podem fazer valer seus direitos, chegamos em casa e preenchemos dois protocolos no 156 virtual. Num, pedíamos o conserto principalmente das gangorras. No outro, se possível, mais brinquedos (apesar da área grande, a praça tem só duas gangorras quebradas, um escorregador e um trepa-trepa meio entortado pelo uso). Isso foi em fevereiro de 2021, eu tenho o protocolo.

De lá para cá, a pandemia foi arrefecendo, mas continuamos frequentando as praças. A criançada gosta, menos quando o mato é tão alto e as butucas são tantas que não dá pra se divertir. E nesse tempo todo não recebi nenhuma resposta do 156 – que pelo jeito é virtual em mais de um sentido. E as gangorras continuaram quebradas. E várias meses a pracinha Santo João Paese ficou sem roçada por meses a fio.

Pois esses dias, depois de dois anos, recebi dois emails da Prefeitura. Nem lembrava mais disso. Mas estava lá: a resposta para os nossos pedidos. Achei legal que, apesar da demora, finalmente deviam ter consertado tudo. Afinal, valia a pena insistir na ideia da cidadania.

Mas aí abri os e-mails, e vi o que eles diziam. “Informamos que o referido documento encontra-se em análise para viabilidade de realização dos serviços.” Era isso. Dois anos depois, a única coisa que tinham a dizer era que tinham recebido o pedido. Mas resposta? Nada. Melhor ir morar no Batel mesmo, aí não precisa de 156 nem nada. O próprio prefeito deve estar ali engraxando os sapatos dos moradores que vão à pracinha local…

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