Debate na Band ajuda a forçar segundo turno; debate sobre misoginia foi ponto alto

Simone Tebet foi quem se saiu melhor, segundo as pesquisas

O debate da noite de domingo serviu basicamente a um propósito: ajudar a levar a eleição presidencial para o segundo turno. Por um lado, os candidatos que estão na ponta obviamente só tinham a perder: Lula e Bolsonaro foram alvo de ataques contínuos ao longo das três horas de programa. E embora Lula tenha se saído muito melhor, as pesquisas feitas com indecisos mostram que ele pode não ter perdido votos, mas também não ganhou.

Bolsonaro fez o seu show de horrores de sempre. Atacou a jornalista Vera Magalhães, quando ela fez uma pergunta citando o desprezo do presidente das vacinas. “Você é uma vergonha para o jornalismo”, disse ele, num chilique que foi criticado por quase todos os outros candidatos (e sua própria campanha teria lamentado o descontrole). Depois foi para cima de Simone Tebet, novamente em histeria.

Não à toa, a misoginia virou tema constante: Tebet fez uma lista das bobagens que o presidente já falou sobre mulheres. Para tentar escapar, Bolsonaro escolheu Ciro para uma pergunta, dizendo que queria ter um “papo sobre mulheres” (podia ter escolhido as duas candidatas mulheres, mas…) Quando Ciro lembrou o episódio da “fraquejada”, Bolsonaro perdeu o controle de novo e partiu para cima citando a frase de uma antiga campanha em que Ciro disse que o principal papel de Patrícia Pillar na campanha era dormir com ele. Desastre para os dois.

A pesquisa do Datafolha só confirmou o que todo mundo viu na tela. Quem se saiu melhor, o tempo todo, foi Simone Tebet. Preparada, bem falante e jogando como livre atiradora, sem ninguém para apontar possíveis contradições, foi correta e convincente. De longe a melhor da noite, é impossível que não tenha conquistado alguns votos. Pior para Lula: Ciro também jogou bem, falando o tempo todo em Deus e em propostas para mais pobres, justamente o terreno em que Lula espera ganhar de lavada.

Soraya Thronicke, de quem ninguém esperava nada, deu algumas boas respostas e, embora em alguns momentos tenha forçado a mão, teria feito valer sua participação meramente pela invertida que deu no patético candidato do Novo, Luiz Felipe Dávila, que foi atacar o Fundo Eleitoral e foi devidamente desancado. “Nem todo mundo tem seu patrimônio, candidato”, lembrou ela sobre os ricaços mimados que reclamam do financiamento público.

Dávila foi a parte mais triste do debate. Um sujeito que parecia um boneco de corda com três ou quatro frases pré-gravadas. E todas elas clichês liberais dos mais tolos. Para tudo ele só sabia dizer: é o mercado que vai resolver isso. Bom, o mercado já decidiu o que vai fazer com a campanha dele.

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