Casamento do filho de Beto Richa é uma bela notícia para Curitiba

André Richa, que se casou com Gabriel Beleze no Graciosa, pode servir de inspiração para muita gente

Quem olhou o Instagram de Fernanda Richa nos últimos dias viu uma foto histórica. A ex-primeira-dama aparece celebrando o casamento de seu filho mais novo, André, no Graciosa Country Club. O que torna a foto importante é o fato de haver dois noivos: André se casou com Gabriel Beleze, e os dois entraram de smoking, radiantes, no salão do clube mais badalado da elite curitibana.

Alguém pode achar que a palavra “histórico” é um exagero. Afinal, André Richa nunca foi político, e a cidade já teve muitos outros casamentos homoafetivos – inclusive no Graciosa. Mas nunca um filho de governador, vindo de uma família que representa em vários sentidos o conservadorismo curitibano, celebrou assim o amor por outro homem. E melhor: sem que isso tenha parecido chocar ninguém. Até sites tipicamente preconceituosos acharam de bom alvitre comemorar junto.

Beto Richa jamais foi visto como um político progressista. Ao contrário de seu pai, que ficou marcado como um sujeito que lutou pela redemocratização, Beto foi um governador que olhava torto para sindicatos e que se aliou com a direita mais conservadora ao longo de sua carreira. (É preciso, no entanto, admitir que ele jamais se aproximou do bolsonarismo nem conspirou contra a democracia nesses quatro anos terríveis que o país viveu.)

Se André pôde ter o casamento que quis, com quem desejou, sem precisar se esconder nem negar sua verdadeira face, parece que estamos diante de uma mudança necessária de visão da sociedade. Mesmo nos setores menos progressistas da cidade, começa-se a ver que é natural, normal e saudável que as pessoas possam se apaixonar por alguém (seja quem for) e desejar ter uma vida a seu lado independente de como isso era visto décadas atrás.

Na vida social, é comum que a elite aponte os caminhos do que é aceitável. Há textos famosos de Norbert Elias mostrando que tudo que vemos hoje como “civilizado” começou nos castelos medievais. A conduta dos que são vistos como poderosos e ricos é tida como modelo por muita gente. E, se for assim mesmo, o casamento de um filho privilegiado da elite com outro homem (sem que haja nenhum escândalo) pode abrir as portas para que muita gente na cidade, no estado, possa sair de seu sofrimento e vir para a luz do dia, anunciando quem realmente é e o que deseja para sua vida.

Que os noivos sejam felizes. E que a cidade siga mudando para melhor.

Sobre o/a autor/a

Compartilhe:

Leia também

À minha mãe

Aos 50 anos, a vida teve a ousadia de colocar um tumor no lugar onde minha mãe gerou seus dois filhos. Mas ela vai vencer

Leia mais »

Melhor jornal de Curitiba

Assine e apoie

Assinantes recebem nossa newsletter exclusiva

Rolar para cima