Uma coisa é você estar num prédio de mármores e granitos assinando papéis com uma autoridade que quase ninguém tem direito a questionar. Outra bem diferente é sair para a rua e depender de votos para chegar a algum lugar. Todo mundo que sai do mundo judiciário para concorrer em campanha eleitoral descobre isso mais cedo ou mais tarde.
Nestes primeiros dias da campanha de 2022, o pessoal da antiga Lava Jato está sofrendo com a nova exposição. Sergio Moro (União), que de presidenciável passou a mero candidato ao Senado no Paraná, tem tido recepções bem menos calorosas do que gostaria. No sábado, em uma feirinha no Juvevê, foi vaiado. Ouviu gente gritando que, se queria tanto ir pra São Paulo, que fosse.
Em situação semelhante ocorrida no passado, Moro disse que as vaias contra ele provavelmente tinham sido pagas. Bom, gente interessada em se vingar de Moro de fato não falta – o nome mais recentemente incluído na lista é o de Alvaro Dias, traído na cara dura por Moro. Mas provavelmente nem é isso. Tanto os petistas quando os bolsonaristas passaram a detestar Moro sem que ninguém precise suborná-los para isso.
Já Deltan enfrenta crise mais séria. Os partidos da Federação comandada pelo PT fizeram acusações graves contra o ex-coordenador da Força Tarefa. Ele respondeu e até agora não há decisão em contrário a ele. Mas tanto um quanto outro parecem correr o risco de nem chegar à eleição, com suas candidaturas sendo questionadas na Justiça.