O Conselho de Ética da Câmara de Curitiba encerrou nesta segunda-feira (11) a fase de instrução do processo movido contra Renato Freitas (PT). Foram ouvidas sete testemunhas de defesa e o próprio vereador, processado por participação em um protesto dentro da Igreja do Rosário em 5 de fevereiro deste ano.
A partir de agora, o procedimento entra na fase final. Como a corregedora da Câmara, Amália Tortato (Novo), abriu mão das alegações finais, o próximo passo será a apresentação das alegações finais da defesa, em dez dias úteis. Depois disso, o relator Sidnei Toaldo (Patriota).
Entre as testemunhas da defesa estavam o filósofo Sílvio de Almeida, que falou sobre racismo estrutural e outros temas relacionados, e o padre Júlio Lancelotti, conhecido por seu trabalho social. Os depoimentos foram feitos a partir de outras cidades, em formato virtual.
O depoimento de Renato Freitas foi marcado pela repetição de algumas perguntas básicas, feitas por diversos integrantes do conselho. Vários vereadores queriam saber, por exemplo, qual era o papel de Renato no protesto e se ele exercia algum papel de liderança. O petista repetiu sempre que não participou da organização do evento.
O relator do caso, Sidnei Toaldo, insistiu também em saber por que Renato teria entrado na igreja mesmo depois de o padre ter fechado a porta da frente. O vereador, que respondeu a mesma questão outras vezes, disse que a porta por onde ele entrou sempre esteve aberta, e que por isso não considerou o ato como uma invasão.
A defesa ressaltou o tempo todo a tese de que Renato, como cristão, não tinha intenção de atrapalhar a missa e que, pelo contrário, a ideia da manifestação, feita em homenagem a dois homens negros assassinados nos dias anteriores ao protesto (um congolês e um carioca) tinha absoluta harmonia com os princípios do cristianismo.
Na opinião do vereador, a manifestação e a missa inclusive poderiam ter se transformado em um único ato. Para defender seus pontos de vista, Renato citou a defesa de seu ato feita por vários religiosos, inclusive o próprio Júlio Lancelotti.
Embora o processo tenha origem, entre outros fatos, no clima de hostilidade que surgiu desde o início do mandato entre Renato Freitas e a bancada evangélica, nem mesmo os integrantes mais linha-dura do Conselho parecem ter tido a intenção de um embate mais acalorado na sessão, que terminou de modo cordial.