Uma planta, uma erva natural!

Cannabis Sativa, popularmente conhecida como maconha é uma planta da família Cannabaceae (família que inclui 11 gêneros e mais de 170 espécies) é originária da China, mas hoje é cultivada no mundo inteiro. A planta é utilizada de diversas formas, são elas:

O uso da fibra presente no caule nas indústrias têxteis. 

O uso medicinal do óleo extraído da planta, podendo tratar diversas doenças, como: epilepsia, parkinson, esclerose múltipla, dores crônicas, entre outras.

O uso recreativo, utilizando as ações psicotrópicas presentes nas flores e folhas da planta (essas ações psicotrópicas são encontradas no THC e no canabidiol, podendo modificar a maneira que sentimos, agimos e até a maneira em que pensamos). Também o uso alimentício da semente, que serve tanto para ingestão humana, quanto para fabricação de óleo culinário.

 

Por conta do THC a maconha é considerada uma droga, sendo assim, em muitos países o uso da planta não é legalizada, o Brasil é um exemplo.

 

Mas por que uma planta com tantos benefícios é ilegal?

A maconha é a porta para o mundo das drogas, ”a maconha mata

São diversas desculpas que escondem o verdadeiro motivo pela criminalização da cannabis. O Brasil foi o primeiro país a proibir a planta, para entendermos melhor, precisamos voltar um pouco no tempo.

 

O cultivo de cânhamo em terras que foram colonizadas pelos portugueses sempre foi algo comum e no Brasil não foi diferente. Em 1500, com a invasão dos portugueses, Cabral trouxe aproximadamente 800 toneladas da planta, que era utilizada para fazer velas, cordas e roupas usadas pela tripulação. Com o tempo a planta começou a ser utilizada de outras maneiras e por outras pessoas, inclusive pelos negros escravizados (que já utilizavam na África de maneira religiosa e cultural). 

Uma das formas introduzidas, foi a “GANJA” a erva medicinal que cura suas doenças, super econômica, utilizada pelos brancos e aceita pela elite. A outra forma era a “MARIJUANA” que era a erva do diabo, maléfica que vicia, pode te trazer inúmeras doenças e extremamente caro, utilizada pelos escravos em  festas e hábitos e por isso não foi nem um pouco aceita pela elite.

O uso da erva deixou a elite branca e burguesa indignados, o que fez a erva e hábitos dos escravos fossem marginalizados. Em 1830 foi criada uma lei que proibia o uso da cannabis, onde a maconha em pito faz negro sem vergonha. Por conta disso, no início do século XX, a cannabis começou a ser estudada pelos Racistas Científicos entres eles o médico e político Rodrigues Doria, também conhecido como o grande responsável pela proibição da maconha no Brasil e no mundo. Ele associava a planta como uma espécie de “vingança de negros selvagens contra brancos civilizados”. Até então, a planta era considerada uma droga apenas aqui no Brasil e não havia a intenção de criminaliza-la em outros países, mas Doria em 1915 trouxe para Convenção Internacional de Drogas seu “estudo” comparando a cannabis com o Ópio (que na época também era considerada uma droga utilizada pelos negros para atacar os brancos), reforçando a ideia de que a planta era uma forma de “ódio” dos negros contra os brancos.

 

Pouco tempo depois, mais especificamente na ditadura militar, a maconha voltou a ser discutida por conta dos brancos de classe média que a usavam como parte da contestação cultural de liberdade. Com o embranquecimento da planta, foi criada a lei da ditadura militar, que não diferencia mais a planta de outras substâncias, muito menos diferenciavam os traficantes de usuários, sendo assim todos eram presos. Usando a propaganda demonizadora da guerra às drogas utilizada pelos Estados Unidos,  (país que desde 2012 trabalha, para que a maconha seja legalizada!). E aqui no Brasil em 2006 foi sancionada uma lei, que diferenciava o usuário e o traficante, mas cabe ao policial definir se a pessoa é ou não traficante e ainda assim, o uso da planta é ilegal.

 

Com essas informações percebemos que nunca foi uma questão de saúde e que foi sempre  uma questão racial e de classe social. Conhecer esses fatos é reconhecer que a política brasileira trata as drogas com um viés moralista e extremamente racista. A maconha é usada em todas as classes sociais, mas o problema parece estar só nas periferias.

 

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